Aquarela de poesias

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terça-feira, 24 de abril de 2018

A CHAVE CAIU NA LIXEIRA: MINICONTO


             A CHAVE CAIU NA LIXEIRA:
                          MINICONTO                
                               

Ao anoitecer de um dia de outono, fui levar o lixo orgânico para depositar no local apropriado, na calçada próxima de meu prédio.
Ao jogar três sacos na lixeira, deixei escapar a chave da casa que ficara no meu dedo, como se pedisse para ser jogada também.
Ouvi o barulho da chave e me apavorei.
Subitamente, chamei um morador de rua que estava sentado nas proximidades e solicitei seus préstimos.
Minha filha estava comigo, na ocasião, e teve que segurar a tampa aberta, a pedido do morador de rua, para que mais claridade entrasse lá no fundo, onde a chave havia caído.
O pobre homem nem teve tempo de recusar nada porque eu fui bem incisiva e falei:
- Rápido, pule na lixeira e procure minha chave, por favor!
- Mas, senhora, está escuro
- Vou pegar a lanterna ali no bar da esquina, espere por mim.
Voltei com a lanterna e logo percebi que outro morador de rua se colocara à disposição para ajudar.
Agora, estávamos todos no mesmo barco: minha filha, eu, e dois moços maltrapilhos mas de bom coração.
Todos nós um pouco agitados porque o caminhão que leva os contêineres poderia surgir na rua a qualquer momento. 
Em seguida, após afastarmos alguns sacos para procurar melhor, e,  obviamente, engordurar as mãos, um deles falou:
- Achei a chave, senhora.
- Muito obrigada, que maravilha!
E assim falando, tratei de devolver a lanterna no bar, fazer uma boa higiene nas mãos e na chave. 
Depois, voltei para dar uma gorjeta a cada um dos rapazes que estava comigo nessa empreitada.
Dei 5,00 reais para o que chegou mais tarde e 10,00 para o que pulou primeiro para dentro da lixeira.
Agradeci para minha filha o apoio e disse-lhe que fosse lavar as mãos no mesmo bar em que pedi permissão para fazê-lo.
Tudo resolvido a contento, fiquei feliz por resgatar minha chave.
Levei a filha até o carro dela para que voltasse para sua casa.
Ela me beijou, se despediu, mas não se conteve:
Mãe, não tem uns 20,00 reais aí de gorjeta?

KATIA CHIAPPINI

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