Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

segunda-feira, 13 de abril de 2020

POESIA E PIANO!

                  

                              Katia Chiappini
 
                       ADOTEI A POESIA E O PIANO:



Após ver meus filhos criados e obter minha

 aposentadoria no magistério, tirei de um baú mágico,

 todas as poesias que acumulara por longos anos ,na

 escuridão deixadas, abafadas e sofridas.

Selecionei algumas delas e na maturidade e iniciei um

 blog autoral.


Foi ideia de minha netinha, aos 9 anos de idade, me

 presentear com uma página. Pensou em vê-la recheada

 de poemas: dos meus poemas antigos e trancafiados

 por tantos anos.

Com surpresa percebi que ela enfeitara a página de

 modo a me encantar com as imagens , vídeos e uma

 diagramação cuidadosa.

Comecei a escrever, após breve explicação da netinha

 ,meus primeiros poemas selecionados, com a orientação

 devida.

Na outra manhã, ao abrir a página''inspirações'',deparei-

me com muitos acessos aos poemas, o que me deixou

 admirada e feliz.

A página tinha sido percebida e lida, quase que

 imediatamente.

Passei a escrever com frequência para não perder os

 leitores e nem o estímulo que me acometera.

Após 5 anos incompletos, verifiquei a contagem de

 280.000 acessos na página.

Meu blog se tornou visível e me permitiu descobrir que eu

 havia adotado a poesia.


O piano é minha outra paixão, desde a infância.

Estudei por anos e anos e passei a lecionar a terceira

 idade, preferencialmente.

Essas duas atividades me adotaram também. E há uma

 reciprocidade que compensa todas as consultas para

 escrever e todos os exercícios que meus dedos se

 empenham em praticar, para aprimorar o toque.

Passei a me apresentar em eventos quando solicitada.

Percebi que o músico é gente boa, simples,sem muitas

 exigências. E sabe sorrir.

Percebi que os poetas comunicam as horas alegres e

 tristes, mas de um jeito próprio que nos leva a não

 desanimar na trajetória.

Eles mesmos são batalhadores ,guerreiros por natureza e

 cientes das dificuldades que enfrentam para se manter,

 sem o apoio dos governantes que pouco se preocupam

 com a arte e a cultura do país.

Poesia e música são artes que elevam o espírito

, comungam da dor alheia, alimentam sonhos e

 esperanças, fortalecem a fé.

Poesia e música necessitam que se viva com intensidade

 e paixão.

Deus deu esse dom a poucos, mas estendeu os

 benefícios a muitos.

Cada frase se ilumina e cada acorde musical se amplia e

 transcende a razão.

Ao entardecer, ao piano, penso ouvir Chopin me pedindo

 que toque as suas valsas com sensível interpretação.

Ou Mozart me dizendo que não toque tão rápido para

 não deixar os dedos escorregarem nas notas,sem

 marcar o ritmo.

Ou Tchaikowsky me implorando que toque a Vasa das

 Flores como se quisesse deixar exalar um perfume sutil

 para inebriar as rosas de algum jardim.

Ou Bach se exclamando e me pedindo para manter o

 ritmo acelerado de suas composições.

Ao acordar a inspiração me leva a escrever um poema

 antes de fazer o lanche matinal.

O espírito dos grandes poetas parece me envolver por

 inteiro e me deixo levar pelas rimas de minha estima.

Mário Quintana me aponta o seu livro de histórias para

 crianças para que leia aos meus netos.

Saramago me faz ficar triste com o seu livro comovente:

 ''Ensaio sobre a cegueira'.'

D.Quixote de la Mancha me convida a sonhar com seu

 mundo fantástico, inventivo e irreal. E Dulcineia, sua 

amada, parece que não o acolheu.

Mas agora toco, ao piano,''Adios Nonino'' de Piazzolla,

 uma das melodias mais belas para ouvir em silêncio, ao

 luar ou na rede de alguma varanda, ao cair da noite.

O sentimento fala enquanto a razão, por vezes, se cala.

Entre o poema e o toque do piano vou construindo um

 mundo encantado, onde o mel afasta o fel, onde a rosa

 se faz mais bela e nem se importa com alguns espinhos

 que possam, por ventura, feri-la, onde a imaginação voa

 ao longe e recolhe as melhores lembranças que

 possamos ter. Algumas já vividas, outras sonhadas.

Há uma simbiose divina entre música e poesia e uma se

 vale da outra para se emoldurar e se completar no

 mundo artístico.

Adotei acordes e mais acordes, sons e tons maiores e

 alegres e os menores e mais tristes. Conheci as dores

 diminutas e as alegrias aumentadas.

Adotei o adágio,o presto e o prestíssimo, na tentativa de

 interpretar canções, baladas, chorinhos brasileiros

, tangos e boleros portenhos.



E adotei a batida de bossa-nova para lembrar João

 Gilberto e demais seguidores.

Adotei rimas de minha especial estima, contos, crônicas,

 relatos breves, minicontos, historietas e narrativas do

 cotidiano que observo em minhas andanças.

Adotei todo esse povo de tribos diversas que encontro em

 meu blog, nos grupos do Facebook, nos e-mails que 

recebo, nos comentários gentis que me acolhem nessa

 caminhada literária.

Estou cercada de outros poetas de especial estirpe e de

 uma conduta literária ilibada.

Mesmo não tendo firmado regras para os participantes

 dos grupos que administro no Facebook, jamais me

 deparei com termos grosseiros, nem com falta de

 respeito, de uns para com os outros colaboradores

 diários, que se agregaram, ao longo do tempo, com suas

 postagens e mensagens.

Comemoramos em 14 de março. o dia da poesia. E não

 poderia deixar de me referir a essa data que revela

 civismo, simbolismo e, eu diria, um certo atletismo 

intelectual e insano, em busca de rimas ricas, de temas

 palpitantes, românticos. E de outros, que visam elevar a

 autoestima e a fé indispensável à vida.

Adotei ainda, e com especial satisfação, todos os leitores

 dos grupos que administro no Facebook. Adotei os

 seguidores do blog ''inspirações'' como filhos diletos

, como uma extensão de minha vida, como garantia de

 manter o espírito interligado ao belo.

Dedico esse texto aos meus inúmeros leitores, aos 

amigos que me dirigem palavras de entusiasmo. E a

 todos quantos já me disseram que precisavam ler

 aquelas palavras que postei na hora que iriam lhes servir

 de consolo. Sabem, as vezes, uma palavra vem no texto

 mas escorrega para o coração e o preenche, traz um

 novo olhar e uma crescente energia : latente e sempre

 presente em nosso eu essencial.

Adotei a poesia e a música como lenitivo, fonte de

 tranquilidade e paz.

Poesia é um sopro de brisa suave, que só a alma

 entende e a felicidade acolhe.

E a música é a irmã da poesia, visto que a completa

 harmoniosamente!

KATIA CHIAPPINI

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