Aquarela de poesias

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Poesias para você

domingo, 14 de junho de 2020

CASA E LAR

                      CASA E LAR

REFLEXÃO PARA BONS LEITORES
CASA E LAR
O seio da família é o aconchego maior que podemos almejar.
O lar é nosso refúgio, abrigo, apoio e segurança. É o lugar que nos traz tranquilidade e onde recebemos filhos e netos para uma sadia convivência. No lar conseguimos relaxar e meditar, quando necessário, para colocar os pensamentos em dia.
Mas convivemos também com o conflito entre gerações.É preciso ouvir os filhos, dialogar com paciência e tentar uma solução.
Algumas circunstâncias da vida dão margem a acontecimentos que só vão ser solucionados aos poucos, com o correr do tempo.
Quando a mulher se separa, nem sempre o marido colabora com o sustento dos filhos.Se ela tiver que cumprir dupla jornada entre o trabalho fora de casa e seus afazeres domésticos, é normal que se sinta sobrecarregada e ansiosa, além do cansaço do dia a dia.
A mãe passa a ser marido e mulher, responsável por gerenciar a vida dos filhos adolescentes e contestadores, em nome da liberdade que dizem ter, e nem sempre, com a responsabilidade inerente.
Alguns filhos se rebelam e trazem muitas preocupações para essa mãe.
Em nome dessa liberdade exigida, muitos adolescentes saem da casa dos pais, enveredam por caminhos escusos e não dão notícias.
Bem mais tarde vão entender porque passam a exigir de seus filhos a mesma conduta que receberam de seus pais.
Muitos voltam para pedir perdão e, como o filho pródigo, devem ser perdoados.
Vão entender, com a própria experiência de vida, que o cuidado, o interesse, as reclamações e exigências em relação ao trabalho e ao estudo, são prioritárias.
As reclamações em prol da preservação dos princípios fundamentais para conviver em sociedade, são sinais de amor. Infelizes e tristes são aqueles adolescentes que percebem que seus pais nem perguntam em que horário voltaram para casa, à noite. E que não se importam se passaram a noite fora. Esse conformismo gera insatisfação e prejudica o desenvolvimento afetivo e social dos filhos esquecidos em seus anseios.
Hoje os lares estão se desfazendo e perdendo o sentido.
As relações estão se perdendo no vazio. A comunicação é suplantada pelos eletrônicos que invadiram os lares e que servem de consolo aos filhos em desarmonia com a sociedade familiar.
O almoço de domingo que reunia todos ao redor da mesa já não existe.
O casal chega do trabalho e cada um vai para um lado sem se importar com o outro.
A casa parece sobreviver em seu aglomerado de tijolos,argamassa, grades, suportes de ferro, para que se conserve intacta.
Mas o lar está desmoronando e os tijolos da insensatez tomando conta do ambiente, bem como a indiferença. O relacionamento dos membros da família está envolto em sombras.Os filhos não beijam e nem abraçam seus pais e não lhes dirigem palavras carinhosas.
Os pobres avós estão reclusos num quarto pequeno e sem conforto. Não são convidados para uma janta no restaurante, nem para ir para a praia com a família.
Toda a organização familiar está em extinção.
O ego exacerbado não deixa o sentimento de solidariedade vingar nos lares.
Os bens materiais geram conflitos e desavenças, notadamente, em caso de divisão de herança.
Se não tivermos força para recuperar os valores familiares, vamos perder nossos filhos para o mundo.
Estou lembrando dos povos indígenas pelos quais tenho admiração e respeito.
Esses povos têm sido perseguidos pelas autoridades constituídas que, ora lhes roubam as terras, ora permitem que grupos de colarinho branco as dissipem.
Mesmo assim, a comunidade tenta se proteger e se unir na defesa do território.
Os índios vivem da caça ,da pesca, dos trabalhos artesanais das mulheres da tribo. As famílias cuidam de suas crianças e dos idosos. A tribo tem suas leis e obedecem à autoridade constituída.
A união de seus membros os mantém fortes e contestadores.
Custamos a crer que nesse pequeno espaço circulado pelas ocas indígenas, onde a sobrevivência não é fácil, haja um lar gigante e harmonioso.
Os rituais religiosos e os sacerdotes são merecedores de respeito.
Existe o conforto espiritual que a todos irmana na guerra e na paz.
Talvez, num futuro próximo, os lares possam ressurgir, com novos rumos, recuperando os valores perdidos, que existem, qual seja a época.
Nessa confusão em que vivemos, em relação aos princípios, os jovens identificam como sinônimos, liberdade e libertinagem.
E os lares irão se desmoronar todas as vezes que a inversão de valores for dada como parâmetros a seguir.
Onde e quando quer que seja, desejo viver para louvar a fraternidade, o amor solidário e os princípios cristãos.
E que esses sejam capazes de ultrapassar qualquer extensão relativa aos metros quadrados das construções de residências das famílias.
Desejo ouvir canções de ninar de mães embalando o sono de seus filhos.
Desejo ver casais abraçados em seu lar, debruçados na janela para esperar o pôr do Sol.
Desejo ver o marido colocar uma valsa em seu aparelho de som e convidar a esposa para dançar, de surpresa, enquanto ela espera o tempo necessário para ferver e engrossar a ambrosia.
Espero visitar um lar onde a alegria se faça presente desde o amanhecer.
Um lar onde o entardecer seja acolhedor e onde os casais se deitem na rede para embalar seus sonhos, irmanados no aconchego de beijos e abraços.
E onde os passos sejam dados lado a lado, no mesmo ritmo e compasso, até encontrar o som e o tom certo.
E onde renovadas descobertas nos jogos amorosos, sejam a principal pauta nas noites enluaradas.
KATIA CHIAPPINI

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