Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

segunda-feira, 16 de maio de 2016

AS COISAS INVISÍVEIS!

                   AS COISAS INVISÍVEIS

Uma voz angustiada ao telefone, pedindo socorro, uma criança faminta olhando para outro com a desnutrição estampada no corpo frágil, um idoso que chora no asilo porque seu familiar, após assinar o cheque da mensalidade, na tesouraria, não o procurou em seus aposentos, um cego esperando por ajuda ao atravessar uma movimentada avenida, todas essas situações são invisíveis para os homens egoístas que fogem quando devem prestar auxílio ao seu semelhante.
E esse é o retrato de uma sociedade que visa lucro, riqueza e poder.
As sementes que plantamos no fundo da terra, são regadas e recebem o calor do Sol. Mas tanto surgem os brotos de uma linda rosa, como podem surgir as ervas daninhas. E esses inços precisam ser arrancados. Mas, por ocasião da plantação não podemos adivinhar se irão se transformar em um broto inofensivo ou se em uma erva daninha. 
Ao conhecer uma pessoa não sabemos nada sobre seu caráter. Só podemos ver a cor dos olhos, dos cabelos, da pele, a roupa que veste e tudo o mais que nos sugerir a aparência.
O que não vemos é o mais importante, pois nos é dado sentir e perceber como a pessoa age ou pensa e quais são seus valores de vida. São os princípios cristãos que deixamos como herança aos descendentes. E são deles que podemos nos orgulhar porque seremos lembrados por nossa conduta e dedicação.
Quando conhecemos uma criança órfão que vive na instituição, não basta levar um brinquedo ou dar aos dirigentes uma quantia em dinheiro. Se quiser deixá-la feliz, precisa passar um dia com ela, levar ao cinema, dar um lanche, passear pelos parques até ver um lindo sorriso iluminar aquele rosto marcado pela tristeza.
E o sentimento que aproximará ambas as partes é invisível, mas de certa forma visível pelo resultado que se pode perceber.
Então, uma boneca de luxo, um carro com controle remoto, um castelo de super-heróis, nada disso vai fazer a criança feliz. Porque, depois de um tempo, ela cansa dos brinquedos e os deixa de lado.
Só gestos de amor podem modificar a criança e criar laços de uma amizade sincera.
Os pais despreparados nem percebem o mal que fazem quando nada exigem dos filhos e os deixam à deriva. Só vão se dar conta dessa omissão quando os filhos fizerem amizade com uma juventude perdida pelo uso de drogas. Ou, quando esses jovens desorientados passarem a  praticar furtos, bater carteira, assaltar estabelecimentos e pessoas que passam para cumprir sua rotina de obrigações diárias.
No casamento o que sustenta a relação são os gestos de carinho.
O luxo e a riqueza, assim como o poder, trazem uma alegria passageira porque volátil.
As coisas invisíveis é que trazem a felicidade. Ao invés de acumular riquezas, acumule sentimentos humanitários.
No seu último suspiro você vai se preocupar em ver, pela última vez, o seu carro de luxo? 
Ou vai preferir entrar pela porta do hospital aquela quem mais 
ama? E que não tem bens materiais mas lhe tem amor?
As coisas invisíveis nos deixam conectados com nosso eu essencial e com a centelha divina, da qual tiramos nossa força.
Podemos fazer de conta que somos os padrinhos da humanidade, principalmente, dos que precisam de nossos cuidados. Para isso basta se despojar da arrogância, perdoar os próprios deslizes para aceitar o outro com seus defeitos.
Saibamos criar laços de afinidade que se transformam em amizades.
As afinidades também são sentimentos, são coisas invisíveis aos olhos, mas sentidas na alma.
E quem  criar laços de afinidade para com seu semelhante, vai criar um vínculo duradouro que a distância não desfaz.
Vamos aprender a valorizar mais as pessoas de nosso círculo de relações e dar-lhe o devido valor.
Vamos nos despojar das coisas, do apego excessivo, da mania de pensar:
-Será que vão me deixar alguma herança?
Porque se pautarmos nossa vida pensando assim, vamos fazer aquelas amizades por interesse, vamos prestar um falso socorro, vamos passar a vida bajulando as pessoas, sendo subservientes e falsas.


KATIA CHIAPPINI

Um comentário: