Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

sábado, 25 de agosto de 2018

MÚSICA

                                 MÚSICA

Creio que há algo acontecendo com a música na atualidade.
Quando ligamos o rádio nos deparamos com sons urrados que quase estouram nossos tímpanos.
Letra, melodia, ritmo e harmonia parecem ter dado um sonoro adeus.
Talvez seja a era do vazio, da futilidade, do sensacionalismo, mas não da boa música.
É comum ouvir falar das músicas dos anos 60, 70 e 80, que trazem uma saudade que gostamos de sentir .Lembramos dos tempos de romance, das mãos entrelaçadas, da cabeça no ombro, do afago nos cabelos, tudo tão distante e irreal, em tempos modernos. Lembramos da espera para ver o amado passar em nossa janela para dar um simples aceno, para flertar um pouquinho, para nos brindar com aquele olhar lânguido e sincero.
Talvez a época seja de consumo em todas as áreas. Nada é feito para perdurar. Desse modo, não há a preocupação de manter a composição harmoniosa, que comunique sentimentos. E que requer cuidado e qualidade sonora.
Tínhamos letristas e compositores de lindas melodias. Ainda os temos, mas são poucos que primam pela qualidade. Pois, parece que o objetivo é vender a contracultura, a imbecilidade das letras viciadas de palavras chulas e de baixo calão.
Adolescentes frequentam ambientes duvidosos e se deixam dominar por  emoções fortes. Mas diríamos melhor, se disséssemos que essas emoções fortes revelam, em verdade, uma decadência moral que fere a dignidade da pessoa em seu verdadeiro ''eu', em sua essência.
A música tem, e que bom que assim seja, uma função social e renovadora.
Ainda temos grupos e associações que se dedicam ao ensino de instrumentos, à formação de corais, nas comunidades carentes. Então, nos deparamos com jovens instrumentistas que se revelam tão talentosos que se transferem para finalizar seus estudos buscando centros capacitados para tal, fora do país. E campanhas são feitas para arrecadar alguma importância em dinheiro para que seja possível a realização desse sonho.
E após uma formação qualificada, esses mesmos jovens da periferia, aprendem a frequentar concertos em teatros e casas de espetáculo, onde se deliciam com a boa música. 
Mas, no dia a dia, nos deparamos com sons que não mais inebriam a alma .E temos que nos valer de nossa discoteca, quase esquecida num canto qualquer da casa. Pois, só assim vamos buscar a música de qualidade e os bons compositores de outrora.
Não quer dizer que não existam bons músicos. Eles estão em toda parte. Mas precisam se adaptar aos tempos atuais e ''dançar conforme a música'' para que suas obras continuem a ser tocadas, para que sigam atingindo um grande público.
Por outro lado, há compositores inspirados que não conseguem ser vistos. Esses não têm um padrinho, uma indicação, nenhum contato que possa impulsionar o talento.
A grande mídia está com a palavra. Fora dela não há incentivo para o compositor, não há políticas públicas de apoio e pouco se investe em arte, no país.
E mesmo, antes disso, o povo precisa ser atendido em suas necessidades básicas, em primeiro lugar: segurança, educação, moradia e saúde.
Quando houver interesse em incentivar o estudo da música, talvez, tenhamos a volta dos boêmios, dos seresteiros, dos menestréis românticos a compor peças com ritmo, melodia, harmonia, interpretação e percepção dos acidentes da pauta musical, onde se aprende a ler e executar a partitura.
Mas, o principal é compor com arte e sensibilidade.
Músicos auto-didatas também dão o seu recado e são considerados em seus esforços. E transpõem barreiras e muito tropeçam para aprender a se reerguer com dignidade.
Será que cada povo tem a música que merece?
Bem, esse seria um tema para estudar com uma convidada de honra: a filosofia. Mas, não menos importante. 
Músicos de todo o planeta: não percam a esperança: a bonança ainda vai ancorar em nossos sonhos e desejos.

KATIA CHIAPPINI

Um comentário: