Aquarela de poesias

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Poesias para você

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

PELA PORTA DOS FUNDOS!

 PELA PORTA DOS FUNDOS!


PELA PORTA DOS FUNDOS!
Nunca terei a pretensão de estar no lugar de juíza de pessoa alguma. E sei que esse papel nunca será o meu.
Mas a vida nos descortina situações conflitantes e que continuam a se perpetuar, não obstante ,tantas consequências estejam a demonstrar as incoerências e mágoas veladas.
Estou me referindo ao fato de que não entendo porque algumas mulheres que conheço, e se tratando de boas pessoas, possam ter se conformado em entrar pela porta dos fundos , em um relacionamento que se estende entre sombras e névoas.
São mulheres que têm cultura e desenvoltura para gerir sua vida e obter o próprio sustento.
Mas, quem sabe, se deixaram levar por paixões inconsequentes e gostam de viver perigosamente, porque esse é seu conceito de fugir de certos parâmetros, que , em última análise, são os seus próprios, embora não queiram admitir que rezam pela mesma cartilha.
Mas, há quem diga que os conselhos que dou para quem os solicita não valem para mim:'' façam o que eu digo mas não façam o que eu faço''.        .
Conheço uma dama que vive há 10 anos com um homem casado e que já lhe confessou que jamais deixará a família.
Essa dama não vai ter vida própria, nem filhos, nem seu tempo de florescer. Nem uma aceitação plena de sua situação.
Outra dama que nunca se casou, perdeu a juventude com um homem que nem pensa em pedir a separação de sua esposa .Mas, ao falar com ela ,surpreendo-me, porque logo vem dizendo que conhece vários países da Europa, ,graças ao amante que já lhe presenteou com um apartamento para os encontros fortuitos..
Outra personagem desse relato, envelheceu ao lado de um homem comprometido e me falou que entraria em depressão se não continuasse com esse relacionamento, porque não teria condições financeiras para manter um plano de saúde. E ficaria depressiva, sozinha, já que a idade avançada a impediria de buscar novo relacionamento.
E, ainda, nesse labirinto de emoções, conheci uma escritora de renome, já madura, que se apaixonou por um médico mais jovem e teve um romance quase perfeito.
Mas, coube a ela, o discernimento de romper esse enlevo apaixonado, porque percebeu que não iria impedir que esse jovem médico se prendesse a ela e não tivesse uma esposa, mais jovem, e filhos com os quais todos sonham.
Mas esse amor era verdadeiro. O médico, mais tarde, se casou, mas enviava fotos dos filhos e de suas conquistas profissionais. E nunca deixou de se comunicar com ela, como a amiga especial que se tornou.
Em todos os casos, essas mulheres perderam mais do que ganharam.
Quem vai ao restaurante é a esposa. É ela quem não precisa se esconder, porque entrou pela porta da frente, carregada no colo e de vestido de noiva, na casa cheia de presentes ainda esperando nas embalagens que povoam a sala de estar.
Quem vai ao salão de beleza com as amigas, para se preparar para a festa de formatura dos filhos é a esposa.
Quem está no seu lugar e que nada tem para esconder, é a esposa.
Quem entra, espiando tudo a sua volta e desconfiada, é a outra, a que entrou pela porta dos fundos para não ser vista pelos empregados da casa, nem pela vizinhança.
Se o homem casado levar a ''filial'' para assistir um vídeo em sua casa, e perceber que há um barulho que vem da porta da frente, vai gritar com a mulher para dizer que corra e saia pela a porta dos fundos.
E a porta dos fundos vai ser a marca registrada da amante.
Nas comemorações de aniversário, apresentação dos filhos no teatro da Escola, no baile de formatura de um deles, em todos esses eventos, a'' filial'' vai ficar bem longe e excluída, porque assim é que vai ser.
E quem vai estar no leito, na última hora, se despedindo, serão os filhos e a mulher-matriz, que ainda será a pessoa escolhida para estar presente.
Quem entra pela porta dos fundos nem conhecerá a entrada principal, a beleza dos jardins, o aconchego das redes e cadeiras preguiçosas que se exibem altaneiras, junto à piscina do condomínio.
A porta dos fundos se cala, se esconde. E esconde aquela mulher que já sente que está destinada a se esconder também, até de si mesma, porque está se distanciando de tudo quanto sonhou realizar em seu proveito.
Até quando será possível suportar tal humilhação?
No romance de Liev Tolstói, intitulado Anna Karenina, , um dos maiores romances da literatura mundial ,há um caso de traição.
A trama se desenvolve em torno de um caso extra-conjugal da personagem, Anna, na Rússia Czarista,
Ainda que o casal de amantes fuja para a Itália, sente-se discriminado, sem amigos e reclusos da própria situação.
Mas o conde Vronski, personagem central, um oficial condecorado, volta para a Rússia e aceita a corte de uma dama de linhagem nobre , com quem deve se casar.
O autor quer deixar claro que ninguém pode ser feliz às custas da infelicidade de outros.
Anna Karenina, no entanto, não tem um final feliz.
Mas vou deixar que busquem o filme para assistir, em seu lazer, e perceberão as consequências traumáticas dessa trama empolgante que fala de uma paixão que cega. E perceberão que o romance fala de infidelidade e infelicidade.
O filme teve 10 adaptações notáveis para o cinema, além de outras.
Voltando ao tema central do romance, fica claro que, o homem ainda hoje, tem o perdão e a aceitação da sociedade.
A mulher, apesar de toda a evolução, que parece avançar em passos rápidos ,é um dos elos de uma frágil corrente que ainda não suporta a pressão da sociedade sobre seus ombros já curvados.
KATIA CHIAPPINI
A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, texto que diz "Assim é a Vida..."
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2 comentários:

  1. Que Maravilha de texto querida Kátia. Que sejam felizes os amantes enquanto houver o AMOR em seus corações.Sentir amor,é divino e sublime quando desinteressadamente.O verdadeiro Amor apazigüa a ALMA !!!💋❤💋

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