Aquarela de poesias

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Poesias para você

segunda-feira, 20 de junho de 2016

ONDE VOCÊS SE CONHECERAM?

          ONDE VOCÊS SE CONHECERAM?

Essa é uma pergunta que é feita, principalmente ao casal de namorados, com certa frequência.
Ela remete ás recordações do primeiro encontro, aos atos secretos, aos mistérios do amor e trazem, por certo,uma alegria pueril.
Mas o que percebemos, contraditoriamente, é que ninguém conhece ninguém. Parece que quanto mais passam os anos menos conhecemos as pessoas que dizem nos amar.
Depois de algum tempo, as pessoas não se preocupam em nos revelar o seu melhor lado. Passamos a conviver com o lado egoísta, com a ambição desmedida, com a amizade que visa dar um impulso em interesses pessoais, com a inveja e a falta de lealdade, com a bajulação e a desonestidade.
Se não houve vida interior, já de berço, nem a preocupação em incutir valores e princípios, começam a se descortinar os desajustes na vida amorosa, nas relações profissionais e nas de convívio diário.
Enquanto não houver a preocupação de zelar pelo mútuo conhecimento, os objetivos de bem viver passam a se esfacelar naturalmente.
Conhecer o outro é, a cada dia, tentar comunicar, ouvir, tolerar, respeitar. É criar laços, dedicando ao ser amado, pequenos gestos de atenção e ternura. Conhecer mutuamente exige cumplicidade, companheirismo, paciência nas horas difíceis e a solidariedade, presente no melhor sorriso.
Quando nos apaixonamos, nos sentimos tomados de um sentimento ilusório que ama mais as circunstâncias que envolvem o ato de se apaixonar, muito mais do que o ser destinatário da paixão .E esse sentimento nos faz aceitar todos os defeitos sem impor algumas restrições .Porque as carências estão constantemente a nos sussurrar, ao pé do ouvido: apaixone-se.
E para ´poder dizer ''eu tenho um namorado'' suportamos ser o que não somos e a admitir a perda da própria liberdade.
Não se pode mais confiar num sócio ,num amigo que parecia fiel, numa relação estável. Faltando honestidade e responsabilidade, nada se sustenta.
Então conhecemos o padrasto que molesta a enteada, a madrasta que trata de forma diferenciada os filhos de sangue dos adotados, um marido ciumento que tira a vida da mulher, pais que batem compulsivamente em seus filhos, chefes de família que após 25 anos de casamento fogem com a secretária, porque coragem para falar de frente não há.
Mas permanece o fato de que as pessoas não se dão o tempo hábil para que se dê a convivência natural e sem atropelos. 
Não estão interessadas em conhecer e sim, em se relacionar, seja como for.
Onde vocês se conheceram? 
A resposta a essa pergunta deveria ser:
- Estamos tentando nos conhecer, mutuamente, em relação às nossas necessidades.
Conhecer não é querer viver uma paixão intensa a qualquer preço e sim, saber conquistar o amor depois que a paixão se atenua.
Conhecer é uma preocupação constante, um gesto de atenção e um desejo de criar laços profundos. É passear de mãos dadas no parque
O amor une as pessoas, a paixão cega.
Mas se quiser conhecer a face mais bonita da felicidade, tente unir amor e paixão.
Preocupe-se em fugir da rotina, em estimular o relacionamento, em comprar uma nova roupa íntima. Preocupe-se com as velas ornamentais, incensos, pétalas de rosa, lençóis de cetim, fogo na lareira, vinho de melhor safra, aproximação de olhares em mais lugares.
Apresente-se ao amado, na intimidade, apenas com um belo salto alto e um colar de pérolas no perfumado pescoço. Deixe as roupas íntimas subirem a escada que leva ao andar dos sonhos e volúpias.
Sinta o mesmo frêmito da primeira vez e o delírio frenético do amor.
E quando voltarem a perguntar:
- Onde vocês se conheceram?
É possível que respondam:
- Estamos tentando desvendar nossos desejos através de suores, sulcos, fendas ,umidade, encaixes e linhas sinuosas de nossos corpos.
E estamos tentando conectar nossas almas para que sigam a mesma direção, mas saibam vislumbrar novos e harmônicos caminhos.

KATIA CHIAPPINI

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