Aquarela de poesias

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Poesias para você

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

PRAIA DE TORRES!

                          PRAIA DE TORRES

Uma das mais deslumbrantes paisagens do litoral Riograndense é a que se vislumbra na praia de Torres.
Ao chegar na cidade somos surpreendidos com o ar agradável que, naturalmente, nos beneficia.
Temos um encontro em família que se repete a cada veraneio e do qual não abrimos mão.
Crianças, jovens, adultos e maturidade convivem num clima de especial harmonia.
Em algumas noites de luar, as estrelas que nos espiam, ciumentas, nos percebem brindando a vida com declamações e cantorias.
O violão não se faz de rogado e os acordes se espalham pela casa, pelos corredores, onde as crianças brincam de jogos de tabuleiro.
A música modifica o clima e a energia do ambiente se transforma em motivo de euforia, contaminando todos os presentes.
Enquanto isso, o churrasco já está sendo preparado, aliás, uma especialidade dos homens da casa. Nessas ocasiões, as damas só preparam a salada de maionese e uma salada mista, mais leve, com legumes e milho verde.
As conversas preenchem a espera. Enquanto os homens preparam a caipirinha, as mulheres se ocupam de alguns petiscos para dar início ao jantar. 
A carne exige um preparo cuidadoso e temperos especiais. O fogo vai sendo alimentado e a carne precisa ser virada, o tempo todo, para assar por igual.
Há um cerimonial que prevê um tempo longo até que a carne seja colocada na mesa.
Mas as mulheres falam de seus filhos e os homens de seu trabalho. É uma oportunidade para reencontrar familiares e amigos e para se inteirar das novidades.
Da sacada do apartamento é possível ver parte do mar e o céu limpo, anunciando um despertar propício para o banho de mar.
Na praia parecemos mais receptivos, menos estressados, mais amistosos.
Vemos os idosos na praça com seus animais de estimação e crianças brincando alegremente.
No mar percebemos um clima de alegria, onde todos parecem voltar aos tempos de infância, principalmente os idosos, quando se divertem brincando com seus netos.
Há muitos anos veraneio na praia de Torres e a natureza pródiga me encanta e emociona.
A noite, os bolivianos e peruanos tocam suas flautas e vendem seus discos. As músicas gravadas são tradicionais, folclóricas ou internacionais. A música é suave e adequada à meditação. Outras pessoas gostam de dormir ouvindo esse som das flautas típicas.
Os malabaristas, capoeiristas, mágicos, cantores e grupos de danças ocupam o espaço da praça central, onde os frequentadores são assíduos aos bancos ali colocados.
Ao atravessar a rua é comum ver a gentileza dos motoristas, ao sinalizar para o pedestre atravessar na faixa de segurança. Há maior consciência em relação às leis de trânsito.
A igreja recebe para a missa dominical e a multidão entoa os hinos de maneira participativa e grupos de jovens auxiliam o padre em algumas tarefas. E outro grupo se apresenta com os violões que acompanham o coral nos hinos religiosos.
Enquanto soubermos reunir a família para manter uma convivência sadia, teremos motivos de satisfação e um prazer intenso e sempre renovado.
Ao final do relato, lembrei de me referir a um fato pitoresco do qual fui protagonista, por um acidente de percurso, por um acaso insólito.
Descobri, anos atrás, um profissional que executava belíssimas melodias na Harpa paraguaia.
Como aprecio música, eu frequentava um restaurante para ouvir esse som divino.
A harpa chegou  à América com os espanhóis que se instalaram em distintas regiões do continente, uma das quais, a República do Paraguai. 
O músico se dirigia para minha mesa e perguntava qual a música que eu gostaria que ele executasse na harpa. Bastava eu citar alguma que ele a executava com perfeição.
Esse procedimento se repetiu por algumas noites, já próximas do Carnaval.
O músico esperou chegar a primeira noite, onde haveria um baile no restaurante e perguntou-me, assim, sem que eu esperasse:
- Você quer dançar comigo essa noite e esticar um pouco....
Eu falei:
- Não, obrigada, vou cuidar dos netos menores para que minha filha possa sair.
Uma pena, uma verdadeira lástima!
Depois desse acontecimento infeliz, pelo menos para mim, perdi a chance de voltar a ouvir ''Pájaro Campana', maior clássico da música instrumental paraguaia. 

KATIA CHIAPPINI

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