O berrante é um curioso instrumento, que se assemelha a uma corneta. É confeccionado com chifre de boi ou de outro animal.
O som desse instrumento de sopro se assemelha ao som de uma buzina.
Usado desde a antiguidade, o berrante também data do Brasil Colônia ( 1500 a 1822) e atualmente é uma tradição cultivada pelos vaqueiros para chamar o gado no campo. É um instrumento eficiente na orientação, alarme e comando do gado, mantendo a coesão. Para transportar o gado de um lugar para outro, com segurança, o berrante se tornou a marca registrada dos nordestinos.
O berrante é feito de um chifre bem longo com um corte, que é o bocal, onde pode se soprar para produzir som. Há um furo no meio e desse depende o equilíbrio,o acerto e a afinação do som.
Acredita-se que tenha surgido por motivos econômicos porque seria muito dispendioso contratar tropas de caça.
Então, o caçador fabricou o berrante para auxiliar na lida de campo
É provável que o berrante do Brasil se deva aos escravos africanos que na África já usavam chifres curvados em espiral para fabricá-los. Os chifres eram de um animal chamado olongo.
Na atualidade o berrante é uma marca do povo nordestino. É utilizado na Festa do Peão,em Barretos, Estado de São Paulo.
Esse evento congrega milhares de apaixonados pelo berrante e se promovem concursos para premiar o melhor toque.
Nas novelas que têm como tema a zona da campanha ou zonas rurais, o berrante fez presença, em várias ocasiões.
Sérgio Reis toca berrante em " O Menino da Porteira".
Daniel, Tonico e Tinoco, Tião Carreiro e Pardinho também se arriscaram a tocar berrante.
Mulheres também participam de concursos e são premiadas tocando o seu berrante em festas nordestinas.
O compositor alemão Richard Wagner compôs um trecho para berrante que apresentou numa ópera que apresentou intitulada " O Anel do Libelungo''
O toque do berrante apresenta dificuldade para soprar com harmonia. É preciso um treino continuado para obter resultado.
O berrante quando bem tocado pode ser ouvido a 3km de distância.
É um instrumento de som único, quase um lamento, que contagia e encanta.
Preservar a cultura é zelar por nossas raízes, é informar as novas gerações. E o berrante é personagem importante nesse contexto.
Uma curiosidade a referir é que existem, ainda hoje, as Comitivas do Estradão que preservam o costume de levar a boiada por terra pelo fato de que o transporte através dos caminhões pode machucar o rebanho.
A viagem se torna menos traumática e o animal não perde peso porque pode pastar no meio do caminho.
Na comitiva há um capataz que é o chefe. Há o cozinheiro responsável pelas refeições. Há o ponteiro que conduz a tropa e deve conhecer todas as rotas e estradas a percorrer com segurança.
Os meieiros atuam nas laterais dando suporte ao ponteiro.
Os culatreiros atuam atrás da boiada e devem cuidar para que o gado não se afaste da tropa e para que não se perca.
Todas as pessoas são necessárias para compor o grupo.
Quando há inundações é necessária a retirada de todo o rebanho para local seco.
Na região do Pantanal Mato-grossense há constantes inundações nas pastagens.
E o berrante é peça indispensável nas Comitivas do Estradão.
E a união de todos é fundamental para vencer as dificuldades do trajeto.
Os gaúchos também conhecem o berrante e ainda dele se utilizam para a lida no campo.
A cultura sertaneja e o country não dispensam o toque do berrante.
O comércio de animais, principalmente mulas e cavalos, ainda se vale do berrante. Ele é encontrado em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul.
Com o toque do berrante os animais atendem ao comando do boiadeiro. E sabem identificar o que fazer de acordo com cada espécie de toque que se diversifica conforme o objetivo que se quer alcançar.
O berrante é a sentinela relevante e um dos símbolos desse imenso Brasil!
E o Menino da Porteira dizia:
-Toque o berrante seu moço que é pra eu ficar ouvindo
KATIA CHIAPPINI
(Consulta feita em páginas da Internet )
O BERRANTE
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