Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

sábado, 23 de maio de 2020

COMPARAÇÃO

                          COMPARAÇÃO

Sempre tive a sensação e uma quase certeza de que a comparação não nos traz benefícios e nem a quem a recebe.
Penso que cada um de nós tem algum talento predominante e o desenvolvemos da melhor forma possível.
Uns são excelentes em ciências exatas e outros em ciências humanas. Uns se destacam em esportes e outros em literatura.
Cada vez que um professor, por exemplo, se dirige a um aluno e o chama de burro, de idiota ou de imbecil, pode estar deixando no íntimo desse aluno aquela sensação de incompetência.
Nunca devemos agir desse modo. 
Se o aluno está na escola é porque imagina que será estimulado em seus conteúdos didáticos, por professores conscientes de sua missão social.
Quando um aluno tem dificuldades, apesar de prestar atenção às aulas, o professor pode conversar com os pais e sugerir alguns procedimentos e iniciativas que possam auxiliar esse aluno. Sua ação deve ser em prol do aluno e de seu progresso e nunca poderá ser um desestímulo em razão de palavras ou atos impensados.
E quando esse mesmo aluno obtiver avaliações melhores, deve ouvir um elogio pelo esforço feito.
Precisamos provocar sorrisos e não lágrimas em nossos estudantes.
 Os pais, por vezes, sem se darem conta, elogiam um dos filhos e esquecem que o outro também merece ser reconhecido.
Se esse procedimento for frequente, poderá provocar um sentimento negativo entre os dois filhos.
O que se sentir inferiorizado tende a se tornar, ou agressivo ou apático, de modo a mudar o anterior comportamento.
É preciso perceber se o filho, em sua tristeza, não irá se afastar dos amigos, ou permanecer sozinho em seu quarto , por muitas horas.
O louvável é descobrir os talentos de cada filho e estimular suas escolhas.
A palavra é tão marcante que, nas terapias, o psicólogo descobre que uma pessoa guardou os momentos em que se sentiu injustiçada e indefesa. E quando solicitada, passa a contar, com todas as palavras, em detalhes, o que a feriu tanto e por tantos anos.
Faz-se necessário medir as palavras quando falamos com nossos filhos, nossos pais, nossos colegas, nossos amigos e vizinhos.
Conheci uma senhora que me relatou que sempre elogiava uma das filhas porque era brilhante em todas as atividades em que se empenhasse.
A outra filha era uma estudante esforçada mas não se destacava como a irmã. 
Quando adolescente, um dia, a filha menos favorecida, mas igualmente cumpridora de suas tarefas, chamou sua mãe e com lágrimas nos olhos lhe disse:
- Mãe, queria lhe pedir, de presente de aniversário: quando eu tiver um gesto significativo, que você o reconheça e que me dê um elogio.
Essa senhora entendeu bem o recado e, a partir desse dia, tratou de dar a devida atenção a essa filha, pois não tinha queixas dela como pessoa.
E.sem que percebesse, de imediato, depois se deu conta de que as irmãs estavam mais próximas e se comunicavam bem mais.
A comparação não traz uma boa energia ao ambiente, seja qual for.
Ao invés de comparar, precisamos ter a sensibilidade de entender as diferenças e agir de acordo com elas.
É possível que nossas ações como pais ou educadores descubram possibilidades nas pessoas.
E nesse sentido, nossas ações são de real importância para elevar a autoestima ou bloquear as possibilidades daqueles que devemos educar, orientar, aconselhar e motivar para seguir em frente com determinação e confiança nos resultados.
Costuma-se dizer que um irmão tem um ciúme doentio do outro.
Mas nada é gratuito e as causas podem nos levar a recapitular nossas atitudes. Será que não temos alguma culpa nisso?
Toda a criança que sente o amor de seus pais e a preocupação dos mesmos em relação às suas necessidades, em via de regra, é uma criança dócil, carinhosa e bem adaptada ao meio.
Há algum tempo,quando lecionei numa escola da periferia, foi difícil obter o silêncio na sala de aula. 
E como eu lecionava matemática, se tornava fundamental exigir a atenção da turma, ao iniciar a aula.
A turma tinha alunos que variavam de 13 a 16 anos. Na maioria , eram alunos repetentes e insubordinados:  trinta e cinco ''anjinhos''.
Mas um deles queria chanar atenção e ficava jogando lápis e borracha nos outros. Ou dava gargalhadas ao jogar aviãozinho de papel na orelha dos outros alunos.
Chamei atenção por vários dias sem obter nenhum resultado.
Uma manhã, logo que ele começou a bagunça, fui até a classe dele e gritei exigindo mais educação, sem, no entanto, dizer nenhuma palavra ofensiva.
Mas disse que iria se  arrepender de perder tantos anos repetindo a quinta série, enquanto os outros alunos iam  seguindo seus estudos, com normalidade e esforço.
 Ele respondeu que não entendia nada de matemática, desde que começou a estudar.
Eu falei que se prestasse atenção eu intensificaria minhas explicações e iria corrigir suas tarefas, em sua classe. Prometi que daria tarefas extras, anexando o gabarito para correção e um texto explicativo, de início.
Só o fato desse aluno perceber meu interesse real por ele, levou-o a mudar o comportamento. Por incrível que possa parecer, começou a se interessar pelos conteúdos e se tornou um bom aluno.
Para que sentisse sua transformação, resolvi torná-lo monitor e pedir que esclarecesse as dúvidas dos colegas, indo na classe de cada um, que deveria levantar o dedo, para sugerir uma ajuda nos exercícios dados, durante a aula do dia.
Em pouco tempo esse aluno se tornou um amigo e protetor. Descobri que ele tinha bom coração e que a rebeldia significava falta de carinho no lar.
Os pais diziam-lhe que estavam jogando dinheiro fora com ele, gritavam quando viam notas baixas no boletim. Mas nada faziam para reverter a situação.
Mas viviam comparando seu desempenho com o do outro filho, que se fosse bem orientado, poderia auxiliá-lo nos temas de casa.
Esses fatos mostram que ,ao invés de comparar, precisamos perceber que as diferenças precisam ser avaliadas e não se tornarem sinônimo de inutilidade.
E, se de início, prestarmos a ajuda necessária, estaremos resolvendo essas dificuldades sem protelar situações futuras de repetência.
Quem compara e critica aumenta a distância entre os irmãos, ou entre os colegas de aula.
E a distância não é só física e sim de sentimentos.
Quem se empenha em montar estratégias para recuperar alunos com dificuldades específicas, certamente estará agindo de modo correto e diminuindo frustrações, que, muitas vezes, transformam o comportamento de tal forma, que os acontecimentos se convertem em um beco sem saída.
Não façamos isso: comparar as pessoas.
Umas se tornam prepotentes e outras infelizes devido a tantas frustrações acumuladas.
Como seres humanos somos iguais e todos merecemos atenção.
Respeitar os limites e manter os bons princípios é a missão de todo homem de bem.
Amar ao próximo, ser justo, exercitar princípios de cidadania e boa vizinhança, não tolher a liberdade e agir dentro da verdade, tudo isso, Deus,Pai eterno, nos ensinou em sábias palavras e exemplos.
Nesse momento em que o mundo se transforma, vamos tentar, antes, transformar a nós mesmos, quantas vezes se tornar necessário.
E vamos lembrar do amor universal que abre um leque de possibilidades para nosso despertar espiritual.

KATIA CHIAPPINI


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