Aquarela de poesias

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segunda-feira, 11 de maio de 2020

TININHA: HISTÓRIA REAL

                  TININHA: HISTÓRIA REAL

Não teve infância a menina
Mas o brilho estava no olhar
Trabalhou desde pequenina
Sem boneca para brincar

Fazia as lides da casa
E as lições de casa também
A mãe lhe'' cortava as asas''
Não brincava com ninguém

A menina Tininha, um dia
Cresceu e casou como convém
O marido lhe dava regalias
E uma boa quantia em vintém

Tininha se pôs a gastar
Frequentava jantares, festanças
Viajou por céu e por mar
Trouxe raridades como lembrança

Em pouco tempo abarrotou
A casa de três andares
Bichinhos e bonecos colocou
No sofá, nas escadas, aos pares

Os brinquedos têm vozes e luzes
Anjo e Papai Noel de pilhas
Conversam com Tininha- cruzes!
Substituem as inexistentes filhas

É pena não dividir o quinhão
O apego não a deixa crescer
Mora num quartinho, por opção
Deita em cama estreita para adormecer

Os filhos de corda e de botão
Aprisionaram, há muito,Tininha
Sua carência gerou compulsão
Já não é mais do lar, a rainha

Sem que percebesse a inutilidade
A vida deixou fugir- que ironia-
Por inconsequência, não maldade
Sem restar rastros, marcas ou saudade

Imagino que em sua última hora
E na ausência de amizades sinceras
Abraçada aos bonecos diga a N.Senhora:
- Perdão, troquei a vida por quimeras

KATIA CHIAPPINI




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