Aquarela de poesias

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Poesias para você

segunda-feira, 27 de abril de 2015

DIA DA EMPREGADA DOMÉSTICA.

                    DIA DA EMPREGADA!

Sempre tive consciência do valor de uma secretária do lar.
Tive boas auxiliares no tempo que precisei lecionar e que dependia delas para voltar para a minha casa bem asseada e tendo a comida pronta para o consumo da família.
Como costumo estabelecer uma relação de amizade com minhas auxiliares, ao longo dos anos, tive a sorte de contar com pessoas dedicadas aos meus filhos, principalmente na infância deles.
Hoje tenho uma amiga dedicada à família que já conheço por 20 anos. Primeiro foi minha empregada. Depois emprestei para uma das filhas que se casou e teve dois filhos. Mais tarde voltou para minha casa. Mas atende as minhas duas filhas, numa hora especial.
Ela já sofre de dores na coluna, de desgaste ósseo e, atualmente, só peço que faça algumas iguarias que distribuo para serem consumidas durante a semana. E minha filha faz o mesmo. Mas o vínculo se firma a cada dia. Tomamos o café da manhã juntas, nas quintas-feiras. Conversamos sobre o cardápio da semana e nos encontramos na hora do almoço. com direito à sobremesa e a uma xícara de café passado.
Quando posso ser útil me disponho a ajudar e não cobro os remédios que me solicita, nem pequenos consertos de sapatos, pilha de relógio, bateria de celular ,entre outros pedidos.
É uma ajuda mútua que se estabelece sem atritos. O diálogo basta para dirimir pequenas dúvidas ou questionamentos.
Já fui vê-la em sua casa, bem longe de onde moro. Mas fui com minha filha e passamos a tarde conversando e tomando um chá com bolo.
Quando os filhos eram pequenos ,ela os levava ao pediatra, se eu estivesse na Escola, dando minhas aulas.
Ao chegar em casa eu encontrava os filhos medicados e tranquilos, brincando com a empregada cuja dedicação sempre foi a mesma e a consideração surpreendente, nesses quase 20 anos. E na época que cuidou os filhos de minha filha, reservou a quinta -feira para vir a minha casa, como diarista, então. 
Quando isso aconteceu, contei com outras auxiliares e consegui criar meus filhos com essa ajuda preciosa. E mesmo não pedindo que pousassem, elas chegavam bem cedo para que eu não perdesse o horário da Escola. E tanto a frequência como a  assiduidade eram preservadas. Consegui duas promoções por merecimento pelo fato de não ter faltado ao compromisso que assumi como professora. 
Combinávamos, que numa eventualidade, eu fosse avisada no dia anterior, para poder providenciar como fazer com as crianças. 
As moças saiam comigo, iam a um churrasco em casa de amigos, à passeios nas praças e locais de lazer. Não havia restrições e tudo era feito da melhor maneira para deixar à vontade as minhas auxiliares.
Veio á memória, assim, repentinamente, uma ocasião em que surpreendi minha mãe, discutindo com a empregada porque essa se recusava a usar o avental e a toca de trabalho, na rua. Minha mãe queria comprar um remédio e resolveu pedir que a moça fosse colocar seu uniforme. A moça não queria fazer tal coisa e respondia para mamãe. Eu interferi e expliquei para a mamãe que ela tinha o direito de resolver sobre sua vestimenta fora do ambiente de trabalho. E que sua vontade era justa e pertinente.
Mamãe deve ter se lembrado de minha avó que fazia o mesmo e era atendida em seu pedido.
Mas eu afastei-a da empregada e disse: 
-Não faça isso, mamãe, porque é discriminação.
 Minha mãe raciocinou comigo e entendeu bem, após analisar a situação e perceber que ofenderia a empregada com essa exigência descabida.
E isso não voltou a acontecer, para meu conforto e tranquilidade.
Quero comemorar essa data, voltando ao sentido desse texto, deixando meu apreço às empregadas domésticas. E lembrar de que hoje elas adquiriram seus direitos trabalhistas e estão em fase de reconhecimento pelos serviços prestados aos lares de todos os rincões, inclusive com direito ao seguro desemprego.
Ainda acredito que se os patrões souberem respeitar o espaço dessas profissionais, poderão ter a reciprocidade e a amizade que só enriquece o convívio. Dialogar com educação e ter paciência para ouvir suas queixas ou reivindicações, se faz necessário para que tudo se resolva da melhor forma para ambas as partes.
Lembro-me de minha infância e de uma empregada que eu adorava e que me cuidou por muitos anos. Ela terminava o serviço da casa e costurava roupas para minhas bonecas. Eu tinha uma coleção completa para vestir minhas''filhas'. E era com ela que eu brincava de trocar as roupas, por horas e horas.
Depois eu e ela íamos para o pátio de minha casa brincar com gatos e cachorros e alimentá-los.
Essa moça era da Bahia e trabalhou na casa de meus pais, quando morei em São Paulo. E chorou muito ao se despedir de mim quando papai foi transferido para Porto Alegre.
Ainda lembro muito bem dessa cena apesar de meus 7 aninhos de idade. O carro se distanciava, o nosso, e ela ficou abanando e limpando as lágrimas com um lenço.
Foi uma das melhores amigas que tive. E só não veio para o Sul porque não podia deixar a família a quem sustentava e que tinha domicílio fixo.
Desejo um feliz dia da empregada a todas essas profissionais indispensáveis. E já cumprimentei, no edifício onde moro, algumas auxiliares do lar que são de minha vizinhança.
E lembrem-se patroas desse Brasil, de que as moças têm sua família para atender e que, ao sair de casa, deixam seus problemas para traz para se embrenharem nos nossos.

                                Feliz dia da empregada!

                                    KATIA CHIAPPINI 

                      e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com

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