INFÂNCIA

INFÂNCIA

 Minha infância na estância!

Mexia, no fogo de chão, o tacho de figo

Aprendera as ovelhas pentear

Era, e é só dizer, que a dica eu sigo

Ainda me lembro como posso ajudar

Colocava os arreios e o freio no alazão

Colhia ovos para minha tia, no galinheiro

Escolhia, um a um, os grãos de feijão

Convivia com um sapo, no banheiro

Acordava com o galo a cacarejar

Bebia leite espumante, recém tirado

Deitava na rede para me embalar

Espiava o gado, em seu cercado

No açude as garças batiam as asas

Como se me convidassem para nadar

Os tropeiros se distanciavam da casa

Acompanhados dos cães a camperear

O mascate mostrava sua mercadoria

E pernoitava aproveitando hospedagem

Roupas, perfumes, lenços de seda trazia

E as prendas ficavam a pensar bobagem

Os gaúchos nos seus cavalos montavam

Depois da lida eles eram alimentados

Alcançar a avestruz não ousavam

E a coruja exibia os olhos arregalados

Acampar no mato era uma festa

A fogueira espantava bichos de plantão

Os violeiros entoavam suas serestas

E logo, o silêncio, convidava à meditação

Minha infância nos campos verdejantes

Parecia um sonho de intensa magia

A beleza da paisagem era insinuante

E namorados se encontravam à revelia

Kátia Chiappini

13Adélia Einsfeldt, Luiz Alberto Dos Santos e outras 11 pessoas

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