Aquarela de poesias

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quinta-feira, 21 de março de 2013

O TEMPO DOS ROMANCES!

                O TEMPO DOS ROMANCES !

O ato de viver é um processo de crescimento contínuo na busca do conhecimento de si mesmo, dentro de um determinado tempo.
Existiu e nos trouxe muitas alegrias o tempo de viver plenamente e sem atropelos.
Nos meados do século vinte desfez-se aquela sensação de solidez do tempo que parece ter se afastado na curva de alguma esquina da vida. As vovós faziam, nas tardes longas, colchas de tricô, mantas de crochê, compotas em calda e pão caseiro. E recebiam as vizinhas para falar dos afazeres domésticos, para falar dos filhos e dos ''bons partidos'' da cidade. As famílias se reuniam ao redor da mesa, os serões se estendiam pela madrugada. Esses momentos deixaram de existir junto com a serenidade de um tempo que parecia pingar lentamente dos ponteiros dos relógios descansados. O ''ficar'' era ficar simplesmente debruçada na janela esperando a hora do namorado passar para flertar, com o olhar lânguidos e as faces rubras. ''Ficar ''era passear de mãos dadas com o noivo para falar dos preparativos do casamento, muito bem planejado com as famílias.
''Ficar'' era dançar mais de uma música com o cavalheiro escolhido e, quem sabe, toda a noite, com alguma intenção de namoro.
E depois voltar para a mesa, onde os pais esperavam, para levar as filhas para casa.
Aquele tempo sem pressa, era a atmosfera perfeita para tantos gestos românticos, mas não muito distante dos portões da casa da moça. E os perfumes, flores e bombons, o cavalheiro os ofertava a sua dama.
O tempo portou-se como prima-dona que passou da moda.Retirou-se para a obscuridade e ficou relembrando os dias de glória.Não frequenta mais o espaço na roda da juventude, que antes se reunia nos bares da faculdade, para uma conversa trivial, inclusive com os professores da turma. E com sentido de agregar e demonstrar o sentimento de amizade.
Agora, tenho a sensação de que o tempo vem para perto dos velhos e senta com eles junto à lareira. E, como eles, o tempo lamenta a passagem dos anos calmos e ternos que o progresso se encarregou de varrer. E tenho a impressão de que, a qualquer momento, vou ouvir os velhos e o tempo dizerem uns para os outros : 
-Aquele tempo é que era bom !  
As moças eram vaidosas mas as roupas se revestiam de rendas e babados combinados com os gestos românticos de uma época que se perdeu e que sepultou muitos sonhos coloridos.
E o corpo da mulher se insinuava discretamente na elegância do andar, nos gestos delicados e no olhar discreto, quase acanhado.
As vezes, na espera do amado, o tempo se fazia lento demais e as moças esmagavam os minutos com o sapato de salto de bico fino.
E o sol parecia lento e retardava a aparição da irmã lua que era dos namorados. 
Mas com o tempo, o próprio tempo se tornou artigo de luxo.
E só alguns casais privilegiados o aprisionam para prolongar as noites de um amor já profundo, construído, passo a passo, fadado a permanecer muito além dos arroubos da paixão.
Apenas a fatídica dúvida :
-Mas por quanto tempo ? 


                                      Email: katia_fachinello42@hotmail.com

                                     KATIA CHIAPPINI    

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