Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

domingo, 27 de outubro de 2013

SOBRE O HÁBITO DE PRESENTEAR.

                             PRESENTES!

Parece-me que dar um presente é manifestar carinho e torcer para que a escolha tenha sido do agrado de quem se pretende presentear.
Mas é interessante notar que a própria pessoa deve escolher o presente, anexar um cartão, cuidar da embalagem e fazer a entrega do mesmo. Um belo momento é quando se presenteia uma criança e se observa a felicidade através das palmas, do sorriso aberto, dos olhos brilhantes de emoção.
Certa vez comprei um presente para o meu filho mas dei para o pai dele entregar. Meu marido estava indo ao banheiro para se barbear.
Então falei:
- Aproveite e dê esse pacote ao menino.
Ele entregou rapidamente o volume e entrou no banheiro fechando a porta. O menino ficou desapontado porque queria dar um abraço e um beijo e agradecer ao pai. Mas resolveu bater na porta quando ouviu seu pai dizer:
- Depois falo contigo, filho.
Percebi que eu cometera um erro. Mas a intenção era fazer meu marido dar um pouco de atenção ao filho. Esse, sempre ocupado, passava alguns dias sem se interessar pelo dia do filho, pelo desenrolar de suas aulas ou algum problema que pudesse ter em relação às disciplinas escolares.
No correr dos dias descobrimos que nosso filho tinha um grande desejo: o de ganhar uma bicicleta. Meu marido escolheu o modelo, fez a compra e pediu que entregassem a caixa no saguão do edifício.
Ao buscar o filho na escola, soube, pelo porteiro, da novidade.
Na volta da escola, não resisti e mostrei o presente ao filho e subimos já com a bicicleta.
O menino ficou feliz e me abraçou agradecendo. Nem me passou na mente que meu marido queria participar dessa entrega e que por isso a bicicleta se encontrava no saguão.
Ao chegar em casa  após o trabalho, meu marido verificou o ocorrido e ficou muito contrariado e me assustei com sua reação.
Ficou me questionando o porquê de  meu gesto precipitado que lhe frustrou o desejo de observar a alegria do filho. Disfarcei e tratei de chamar o filho para dar um beijo no pai e agradecer o presente o que o acalmou um pouco.
Aprendi a lição e nunca mais entreguei a ninguém um presente que eu mesma não tivesse comprado. A emoção de quem dá supera a de quem recebe.
Mas meu marido, em inúmeras ocasiões, já havia me encarregado de comprar presentes e dar aos filhos em nosso nome.
E nem raciocinei que dessa vez  o momento era, especialmente importante, porque ele se lembrara do desejo do filho. E foi com carinho e expectativa que realizou a compra tão esperada.
Presentear é um gesto de carinho. Só quem escolhe o presente vibra e fica naquela ansiedade até entregá-lo e ver a reação de quem o recebe.
Pensei comigo mesma:
- Não podia ter feito isso!
Ou você dá pessoalmente o presente que comprou ou não compra nada. Nunca mais vou entregar um presente que eu não tenha comprado. E mesmo, pensando melhor, nenhuma emoção nos traz esse gesto.
Na mesma linha de raciocínio, não seja aquele homem que manda a secretária escolher as flores para presentear a esposa.
E você, esposa, não recuse aquele convite para ir ao cinema, ao teatro ou à comemoração do aniversário de formatura da turma de seu marido. Esse convite também é um modo de presentear.
Nos pequenos gestos, nas pequenas lembranças, pode se revelar o amor. Aceitem, homens e mulheres, as atenções de seus parceiros.
E esse conselho de acolher gestos afetivos sem interpor uma dor de cabeça, no momento errado, é minha sugestão a vocês. 
Esse conselho é também meu presente para meus leitores.

                                      KATIA CHIAPPINI 



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