SONO!

                  SONO INCONTROLÁVEL!

O sono é indispensável à saúde e ao bom humor. Faz parte da trilogia: sono, trabalho e lazer
Mas há um aspecto interessante porque quando nos acomete não nos permite controlar seu efeito.
Venho enfrentando esse probleminha e já faz um bom tempo. É só me deparar com o silêncio do ambiente e fico motivada para desligar por breves momentos.
Talvez isso tenha uma explicação razoável que me parece convincente.
Costumo me deitar bem tarde porque reservo as horas noturnas para escrever. Crio meus poemas e crônicas na calada da noite.
Mas acordo cedo para me dedicar às lides da casa. E meu tempo de sono não ultrapassa o período de 5 a 6 horas por noite. Permaneço em casa pela manhã  e a tarde faço meu trabalho e pratico esportes para equilibrar meu dia a dia.
Aos domingos vou à missa. Enquanto o padre se esmera ao dizer o sermão percebo que o sono vem chegando e perco as palavras finais. Se eu estiver numa palestra ocorre o mesmo.Mas há ocasiões em que o constrangimento me incomoda.
Gosto muito de assistir aos espetáculos musicais que acontecem, às quintas-feiras, no Solar dos Câmara. E tenho algumas amizades feitas no local pois todas comparecem e acompanham o desenrolar dos eventos, como eu.
Em certa ocasião cheguei atrasada e entrei, discretamente, como quem pisa em ovos. Mas enquanto me acomodava na cadeira ouvi uma voz dizer:
- Lá vem a mulher que dorme mas que nunca falta.
É claro que percebi um riso abafado na platéia.
Em outra oportunidade fiz um treinamento, no saguão do edifício, para aprender a lidar com o extintor do incêndio bem como com a mangueira. O palestrante pertencia ao corpo dos bombeiros e enquanto fazia a explanação colocava vídeos para que os presentes acompanhassem todos os passos da sua explicação. As perguntas feitas mereciam a atenção e não haviam dúvidas a esse respeito.
Mas a palestra tomou forma e se prolongou entre 14 e 16 horas.
Lá pelas tantas, cochilei e minha cabeça pendeu para o lado da minha vizinha do prédio que a acomodou em seu ombro. Ela me cutucou discretamente. Ao mesmo tempo, acordei realmente assustada, ouvindo a demonstração do toque do alarme que foi acionado pelo palestrante.
Levei um susto e pulei da cadeira perguntando:
- Onde começou o incêndio?
Em outra empreitada, minha filha, meu netinho e eu fomos para a praia. Fiquei sob o guarda-sol, com o neto no colo. 
 A filha foi tomar um banho de mar. Quando voltou me encontrou dormindo junto com o netinho, abraçado em mim, como um anjo.
Recentemente fui assistir o filme Ana Karenina com minha outra filha. Na saída do cinema encontrei algumas vizinhas e comentamos o filme.
Uma delas se dirigiu a mim e perguntou
- Gostaste do filme?
- Sim, mas achei monótona a primeira parte. 
A segunda compensou a espera porque a história é emocionante e dramática.
Minha filha ,ouvindo minha resposta se apressou em dizer:
- Mas mãe, a primeira parte só foi monótona para ti que dormiste o tempo todo.
Minhas vizinhas se despediram de mim e foram rindo em direção ao ponto do ônibus.
Minha filha impressionada me disse:
- Mãe, como uma pessoa que dorme durante o filme pode fazer alguma crítica a respeito do mesmo?
Em outra ocasião memorável fui ao teatro assistir a um concerto com um famoso pianista, intérprete de Chopin.
Acordei no momento que o público se dirigia para as portas laterais de saída.
Ainda sonolenta e distraída, observei um pequeno grupo saindo por uma porta menor que eu ainda não tinha notado. E caminhei naquela direção seguindo aquelas pessoas. Mas essa porta  terminava por desvendar uma ampla sala, no sub-solo, onde os familiares e autoridades aguardavam o artista para as devidas homenagens.
Eu estava acompanhada de uma amiga que diante dessa situação acabou se retirando, apressadamente, do local.
E o músico, percebendo que eu era uma estranha no ninho, veio em minha direção, surpreso, perguntando:
- Quem me dá a honra da presença em meu camarim?
E eu, rápida, com o programa na mão, disse:
- Sou apenas uma admiradora de seu talento aguardando por um autógrafo.
O artista me brindou com um belo sorriso e com um beijo na mão. 
Ao chegar em casa abri, emocionada, o programa e li a dedicatória:
- Para katia que me prestigiou com sua presença no camarim, deixo meu agradecimento e meu apreço.  
Arthur Moreira Lima.

                                    KATIA CHIAPPINI
                        e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com