Aquarela de poesias

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Poesias para você

terça-feira, 29 de julho de 2014

MACHADO DE ASSIS!

        LEMBRANDO MACHADO DE ASSIS!

Joaquim Maria Machado de Assis nasceu em 1839 e faleceu em 1908, no Rio de Janeiro.
Mulato, pobre, epilético, vítima de preconceito, perdeu sua mãe ainda em plena infância e foi criado pela madrasta.
Foi romancista, contista, cronista, crítico literário, jornalista,poeta teatrólogo, humorista, novelista e cientista.
Grandes estudiosos da arte literária se dedicaram a estudar sua obra e sua biografia.
Em sua fase romântica escreveu sobre o amor e os relacionamentos amorosos. Suas principais obras dessa época são: 
- A mão e a luva
- Helena
- Ressurreição
Em sua fase realista explorou o psicológico de seus personagens e estudou o ser humano com suas qualidades e defeitos, procurando analisar, com profundidade, o homem. Dessa fase temos:
- Dom Casmurro (1899 )
- Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881)
- Quincas Borba (1891) 
É fundador da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente. E considerado o maior expoente da literatura nacional.
Sua obra se divide em contos, peças de teatro, críticas literárias e da dramaturgia, poemas, crônicas do cotidiano, romances e ensaios.. 
Foi o construtor de uma obra universal onde salienta sua perspicácia analítica fugindo do contexto geográfico e temporal.
Seus personagens mostram um homem dominado por grandes anseios mas sucumbindo às suas próprias fraquezas.
Se é indiscutível sua contribuição para a literatura e sua expressão artística como se explica o fato de ser lido por poucos intelectuais?
Talvez o fato de ser considerado um clássico, um gênio, exceda os limites de um leitor comum. Firmou-se a ideia de que um grande autor é necessariamente complexo e digno da elite cultural.
Sendo um autor do século passado, muitos despreparados ´podem pensar que sua obra tenha ficado no anacronismo, quando sabemos que a obra é sempre atual e atemporal.
Mas sua obra é referência em todas as bibliotecas, granjeou o respeito de todos e se tornou um mito. A exaltação em torno dele, no entanto, criou uma aura de sobriedade, afastando-o do leitor. 
Podemos lembrar que é necessário que os professores apresentem Machado de Assis aos adolescentes porque a leitura das obras desse autor, para serem valorizadas, requerem certa maturidade.
Isso porque em seus livros não há ação, velocidade ou gestos de heroísmo, ou heróis fantásticos, tão ao gosto dos jovens. Sua obra tem um caráter racional, impessoal, objetiva.
Então, se o aluno não estiver preparado para entender a obra machadiana, na escola, vai considerá-la uma leitura pesada, apenas cansativa. E vai formar um conceito negativo do que leu.
Não vai desenvolver o carinho, a afetividade que devem envolver autor e leitor na simbiose do encontro, da identificação.
Faço essas rápidas considerações porque há necessidade de resgatar o valor desse literato. E necessário se torna compreendê-lo como um grande colaborador no sentido de desvendar a alma humana, desenvolvendo o autoconhecimento e levando-nos a entender melhor nosso semelhante.
Ora somos lobos e ora anjos em luta constante entre o Bem e o Mal.
No poema'' Círculo Vicioso', 'Machado de Assis fala do homem insatisfeito com o que é e com o que tem.
Mas não acreditava muito que fôssemos só produto do meio e da genética e que isso explicasse nosso comportamento ou direcionasse fatidicamente para um rumo previsível.
O fato é que ele próprio foi autodidata - frequentou apenas três séries primárias- numa sociedade preconceituosa. Mas enfrentou todas as adversidades, entre elas a gagueira, e se tornou o maior vulto da literatura e nem os elementos adversos conseguiram fazê-lo parar de perseguir o que se propôs.
Provou, com suas próprias vivências, que a vida é um mistério e que cada ser é único e surpreendente em sua trajetória.
Se nos detivermos a ler ''A Carteira,'' poderemos nos identificar com o personagem'' Honório'' em suas reações. Iremos perceber nossa vulnerabilidade em circunstâncias adversas e a tendência de tentar justificar nossos atos menos dignos com desculpas infundadas. Porque não somos severos conosco e sim para com os outros. Pois diante da mesma falta que cometemos os condenamos severamente.
Diante da galeria de personagens machadianos vamos conhecendo nossas fraquezas, desejos, ambições inconfessáveis, sonhos, esperanças, egoísmo e ingenuidades.
Sem falar em 'Bento',' em todo o seu desespero, ao conviver com o mais destrutivo dos sentimento: a dúvida.
A verdade, por mais dolorosa que, seja não se compara ao desespero da dúvida cuja corrosão nos tira a paz e nos anula como pessoa.
Com ''Capitu'' percebe-se a capacidade de frear emoções, de esconder sentimentos e de dizer o que não se pensa, pois só podemos pensar o que é ditado pelas conveniências.
Deixo aqui meu conselho de que voltem a ler'' Dom Casmurro'', dessa vez, com mais atenção aos aspectos psicológicos da trama.
Pode parecer que  o autor tenha sido implacável, pessimista e sem crença no ser humano. Mas numa análise equilibrada quis dizer que somos seres sempre em processo de construção, buscando o aperfeiçoamento.
 Soube atenuar as fraquezas do ser humano com pinceladas de humor.
Machado de Assis não julga, jamais assume uma posição moralista. Ele deixa o leitor tirar as próprias conclusões.
Como pessoa foi simples e generoso. Conquistou amigos que o seguiram ao longo dos anos.
Dedicou poemas a sua esposa Carolina a quem disse amar profundamente.
Machado de Assis faleceu de câncer no Rio de Janeiro.
Que ele possa ser um refúgio para nossas noites insones e nos tornar pessoas mais humanas.
Machado de Assis conseguiu a incrível façanha de despertar nossa simpatia por personagens que mereceriam repúdio ou, no mínimo, contestação.
Que toda a tecnologia disponível para a leitura possa trazer à tona, algumas obras suas.
E que a educação governamental inicie projetos literários, acéfalos no momento, com o objetivo de restaurar a obra machadiana, que valor não terá se ficar escondida nas prateleiras empoeiradas das bibliotecas públicas.
Após ter conquistado seu espaço em todas as enciclopédias e obras didáticas  referentes à literatura e de ser mundialmente reconhecido, não seria justo deixá-lo sem amparo e reconhecimento.
Robert Schwarz, crítico literário nascido na Áustria, foi apenas um dos que se dedicou a estudar a obra de Machado de Assis. E quando iniciou esse estudo disse que não o deixaria mais.
A respeito de Machado de Assis formulou a seguinte afirmação:
 - ''É certo que os livros não envelhecem igualmente como é certo que alguns remoçam.''

                                   KATIA CHIAPPINI


                                         -E-MAIL:katia_fachinello42@hotmail.com






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