Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

FOTOS

                                  FOTOS
       ( pintura à óleo de minha mãe, cuja autoria se deve ao grande pintor, já falecido, Frederico Scheffel, nascido no Rio Grande do Sul, Brasil , mas radicado na Europa )

Ao rever álbuns de fotos antigos, lembramos  da época dos filhos pequenos, de suas travessuras, de seus animais de estimação, da casa cheia, das outras crianças correndo pela casa, da alegria juvenil, das descobertas em direção à profissão e do empenho por estudos complementares em prol de uma boa formação.
Lembramos dos amores, dos Carnavais, das festas nos clubes.
Os álbuns ficam amarelados. E mesmo assim são preciosos.
Na idade adulta e na maturidade ,já com os filhos criados, ficamos com saudade dos tempos passados.
Seguimos guardando novas fotos nos álbuns, seguimos folheando suas páginas.
Parece que a juventude era tão boa! E, realmente era.
Mas o casal acumulou vitórias, criou os filhos e se mantém unido.
A beleza que conta é a da alma. O troféu maior é o do amor que sobreviveu ao tempo.
A convivência intensifica os laços de um amor que traz consigo a cumplicidade e a dedicação, de um pelo outro.
As fotos atuais não estão amareladas. São responsáveis por marcar o tempo e por agregar novas vivências. 
As fotos acompanham a vida dos filhos e netos e trazem à tona a consciência do dever cumprido.
As mãos já estão ásperas, o corpo se transformou, o caminhar ficou mais pesado.
Já não temos o mesmo sorriso da juventude, mas o companheiro nos empresta um pouco do seu.
O rosto ficou com vincos fundos que revelam as dores sofridas.
Mas a mão do amado ainda sabe acariciar o rosto ou dar um abraço apertado eivado de calor humano.
E as fotos revelam cada passo dado, cada etapa de vida.
Quando um morre, o outro se consola vendo as fotos e contando as histórias que delas emanam.
Fotos representam um mundo de magia, ao mesmo tempo que preservam atos e fatos de uma longa vida.
A vovó pouco enxerga. Mas faz questão de rever as fotos da família.
Uma pessoa amiga me contou que após a separação, foi visitar o ex-marido em seu escritório. Ao entrar, deparou-se com as fotos da nova família. E a cada porta-retrato que visualizava no mesmo local, não encontrava nem rastros dos antigos retratos de família que tinha ajudado a colocar sobre as mesas do escritório.
Olhou para esse novo panorama e as lágrimas correram pela face. O ex-marido ficou nervoso e foi tratando de retirar a visita, sua ex-mulher, do local. E levou-a para tomar um café em outro ambiente, ao invés, de oferecê-lo em seu escritório.
As fotos falaram por si só. As fotos traíram a ex-mulher, sem querer. 
Quando rasgamos fotos dos amores mal havidos, é porque não queremos mais tê-las a nos perturbar a todo momento.
As fotos iriam acumular lembranças que já não nos fazem bem. 
Quando minha avó completou 85 anos, tirou algumas fotos para deixar uma com cada filho. E escreveu uma linda dedicatória, na ocasião.
Quando filhos se separam dos pais para seguir sua profissão, as fotos se multiplicam e são colocadas em todas as peças da casa. 
E os filhos também levam suas fotos preferidas da família.
Vale à pena colecionar fotos de família e se valer delas para recordar, tempos depois, as horas passadas no seio do lar.
Mas é preciso saber que a beleza vem de dentro para fora, para só então poder ser vista de fora para dentro. 
Fotos são sempre lindas porque lindos foram os momentos registrados.
Revelem suas fotos e revivam nos corações as mesmas emoções que as fotos transmitem.

KATIA CHIAPPINI

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