Aquarela de poesias

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Poesias para você

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

NA INTERNET

                            NA INTERNET

Quando descobri o bate-papo na internet, pelos idos do ano de 2007, ainda se podia falar com pessoas educadas, cujas atitudes infundiam respeito, além de   oportunizar uma conversação saudável.
Eram pessoas que viviam solitárias e queriam, apenas, como eu, trocar ideias sobre livros, filmes, discos, poemas, esportes, saúde, família e trabalho. 
Descobri pessoas com conflitos em seus relacionamentos e, como quem não quer nada, eu dissertava a esse respeito, com a intenção de tranquilizar a pessoa, deixá-la menos tensa. 
Como em minha formação estão contabilizados os anos de Faculdade, na área de Psico-Pedagogia, sinto-me, naturalmente capaz de opinar sobre comportamento.
Então, sentia-me feliz em aconselhar pessoas mais jovens. Algumas tinham se desentendido com os pais, outras com seus filhos, outras com seus companheiros.
Eu passava algumas horas da noite falando com essas pessoas em conflito consigo mesmas, que nem sei porque, me contavam seus dramas.
Em certa ocasião dei uma orientação para um noivo infeliz, que descobrira a infidelidade da noiva.
Emiti uma opinião baseada na razão dos fatos, nas circunstâncias. Consegui mostrar ao noivo que o fato de ser tão jovem lhe permitia investir em novo relacionamento. 
Tempos depois, encontrei-o na noite, ao acaso, porque eu não marcava encontros na internet. Apenas ia trocando ideias com novas pessoas, a cada noite. 
Ele ficou contente em me reconhecer e disse que fazia questão de minha presença, em São Paulo, em sua cerimônia de casamento, que se aproximava. E falou que mandaria a passagem de avião.
É claro que agradeci a gentileza e não aceitei.
Passado mais um tempo, enviou-me a foto de sua primeira filha e agradeceu minhas palavras, quando delas precisou.
Hoje em dia, meus queridos leitores, esse grupo de bate-papo não tem o mesmo teor. Tornou-se um modo de marcar encontros aventureiros, utiliza palavras de baixo calão. É um submundo, infelizmente.
Em outra ocasião eu falava com uma pessoa culta, mais jovem do que eu. Como eu o acompanhava e discutia, de igual para igual, qualquer assunto que iniciasse ,despertei seu interesse em me ver, pessoalmente, após conversarmos por alguns meses.
Antes que os fatos tomassem outro rumo eu disse que era uma dama casada, com três filhos e quatro adoráveis netinhos.
Então o homem mais jovem se desculpou e reconheceu que deveria ter perguntado minha idade, antes de criar expectativas.
Sinto que não se tenha mais essa possibilidade de  falar nas salas de bate-papo, de modo sadio e  agradável.
Ao entrar numa delas, você vai perceber o nível deplorável das conversas on-line.
E, naturalmente você se sente enojado e sai da sala, nos primeiros cinco minutos.
Mas, como tudo se transforma, o mundo está se tornando uma arena, onde os cidadãos não mais se respeitam, onde os relacionamentos enfrentam toda a sorte de agressões, onde a platéia aplaude os desonestos e bajula os ricos e poderosos, sem lembrar que o retorno virá implacável.
Ainda vale o preceito que nos diz que vamos colher o que semeamos. Ainda vale ouvir a própria consciência, se não quisermos mergulhar no caos.
As tentações nos perseguem. Precisamos nos posicionar com sabedoria e lembrar de que os bons princípios devem nortear nossos atos
Os desafios aí estão para nos tornar fortes. E só a força interior irá operar milagre em nossas vidas.
E os atalhos escusos ainda estão nos cercando,dia a dia.
Estejamos atentos e persigamos nossos objetivos. Saibamos dizer ''não'' sempre que for necessário. 
Temos que usar a tecnologia ao nosso dispor, para crescer em conhecimento, para o nosso lazer, para reunir os amigos.
A internet é, indiscutivelmente, a grande invenção do século
Mas não nos deixemos embrutecer por ela e nem permitamos que ela nos denigra como seres humanos. 
E respeitemos o nosso próximo como gostaríamos de ser respeitados.

KATIA CHIAPPINI

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