Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

PALAVRÃO

                           PALAVRÃO
Quando eu era bem pequena perguntei para mamãe:
- O que quer dizer palavrão?
Mamãe respondeu:
- É algo que a boa educação não permite dizer.
Quando minha filha de 4 aninhos visitou minha tia em Santana do Livramento, fronteira com o Uruguai, se exclamou dizendo um palavrão, ao léu ,bem alto. Minha tia falou, de imediato:
- Minha linda menina, nessa casa não se diz palavrão.
Realmente meus familiares não usam palavrões. Nunca ouvi nenhum deles entre pais, tios, primos ,avós e em todo seio familiar.
Quando lecionei, e o fiz por 33 anos, os alunos eram do ensino fundamental.
 Ao entrar, no primeiro dia de aula, eu fazia uma dissertação, em alto som, abolindo o linguajar rudimentar e ofensivo, em sala de aula.
Falava que o linguajar é uma referência cultural e precisa ser usado com respeito e nobreza.
Destacava que no lar, na Escola, no trabalho, o uso do palavrão nada acrescenta ao nosso currículo .Ao contrário, depõe contra nós.
Se você é adulto e está em roda de amigos ,num bar noturno, onde as piadas costumam divertir, o linguajar pode ser um pouco mais descontraído. E mesmo, especialmente os homens, contam suas bravatas e tiram a gravata do palavrão.
Sei que muitos se desculpam dizendo que o palavrão está na moda, na literatura, nos filmes, nas peças de teatro.
Mas a inversão de valores leva aos caos e, infelizmente, está na moda também.
Há grandes vultos na literatura que fazem uso de palavrões em seus textos. Mas, vamos considerar que o conjunto da obra, supera em validade e importância, o conjunto de um linguajar chulo.  
O mesmo ocorre em peças de teatro! Mas há peças e peças a considerar, inclusive as da'' boca do lixo.''
Se você fala um palavrão, do nada, para seu amigo,ele vai dar um riso amarelo, ou revidar. Se continuar a dizer outros impropérios do estilo, seu amigo vai se afastar, naquele momento, e acredite, com um aperto no coração. E mesmo que o amigo nada reclame a alma estará sombreada e os sentimentos violados.
A grosseria traz uma energia negativa que se espalha de imediato e muda a atmosfera ao redor. Não só atinge os envolvidos como os curiosos de plantão.
Os italianos do interior jogam truco e espalham palavrões, assim como na canastra, e noutros jogos de mesa.
Mas , nesse caso, é um rompante que não tem a intenção de ofender, mas as damas saem de perto, mesmo assim.
Particularmente, sou sensível a esse respeito. Não me faz bem ouvir uma pessoa falando um palavrão para a outra. É algo que interiorizei como um ato falho e que contraria meus princípios já adquiridos no lar. Eu não conseguiria revidar um palavrão com outro.
Não gosto de bate-boca, nem de discussões. Mas até admito que as pessoas se defendam e gritem umas com as outras, mas sem que seja preciso usar palavrões. Mesmo porque as argumentações usadas é que serão consideradas e não as ofensas.
Se não houver uma preocupação no lar, se o palavrão for visto como comum, haverá, em algum momento, um arrependimento por tê-lo dito a uma pessoa que se preza muito. E que gostaríamos de ter em nosso rol de amigos.
Se estudamos tantos e tantos anos para acumular formação e informação, devemos selecionar as palavras que vamos utilizar em nosso linguajar, de modo que possamos falar com qualquer pessoa sem ofensas e sem estarmos sujeitos à situações de um imenso constrangimento e desconforto social. 
Como jamais ofendi meus alunos com palavrões, e mesmo, jamais os chamei de burros, idiotas e outras ofensas, tive a satisfação de não ouvi-los em minhas aulas.
E se, ao acaso, um aluno ficava brabo com o outro e escapava um termo chulo, eu ouvia, imediatamente:
- Ah, me desculpe professora. 
E me orgulho de ter conseguido uma atitude de respeito em sala de aula, o que acho fundamental para prosseguir com o trabalho, de forma que dê prazer e bons resultados.
Tanto professores com alunos se beneficiam com um clima onde o campo energético toma a forma adequada para uma sadia convivência e aproveitamento escolar,
O palavrão desequilibra nossa energia, mascara as emoções, contraria nosso desejo de viver em harmonia. Há um ódio incontido quando é usado em conflitos entre pais e filhos ,entre casais que já não se suportam, entre todo e qualquer relacionamento viciado e que vai acumulando inveja, raiva, insatisfação e cujo desejo de vingança cresce a cada desentendimento repetitivo.
Parece que o palavrão está à flor da pele, mas eu não vou estar. pele com um cavalheiro que deixou de sê-lo. 
Aliás ,Ronnie Von, artista da jovem guarda, confessou que não usa palavrões. E que sempre encontra uma palavra substituta quando precisa revidar alguma ofensa.
Ivete Sangalo, musa entre outras musas, também confessou que não se vale de palavrões.
Prefiro, então, ouvir os poetas, os escritores, os pensadores, numa roda cultural e socialmente sadia. Prefiro o cavalheirismo, o lirismo, o buquê de flores, a caixa de bombons, um perfume francês, um abraço suave, um beijo no rosto, um olhar de esperança, um sorriso que chama, um suor nas mãos nervosas e emocionadas pelo toque de outra mão.
Prefiro celebrar a vida, dançar nos salões, andar à beira mar, ouvir o murmúrio da natureza, ao amanhecer. Ver a pintura do Sol e as cores da Lua, que Deus criou para nosso deleite. 
Com tantas belezas a descortinar, com tantas paisagens a desbravar, com tanta poesia no ar, com um toque de piano ao entardecer, quem vai precisar de palavrões?


KATIA CHIAPPINI



3 comentários: