Aquarela de poesias

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Poesias para você

segunda-feira, 4 de março de 2019

BAILES DE CARNAVAL.

                    BAILES DE CARNAVAL 

Os bailes de Carnaval, de outrora, deixaram boas lembranças.
Os salões eram bem iluminados. Os blocos carnavalescos usavam fantasias ornamentadas e o brilho ofuscava os olhos.
As orquestras tocavam as marchas feitas para a ocasião e a multidão entoava com alegria.
Mas era uma alegria sadia, dentro de um ambiente familiar, onde os foliões se divertiam e mantinham um comportamento de respeito.
Nas cidades do interior as festas eram elaboradas com cuidado e os clubes recebiam seus sócios, em grande estilo.
Haviam mesas nos salões, decoração em lindas alegorias e as famílias se preparavam para dançar as quatro noites.
Escolhia-se a rainha do clube e ao final do baile, a multidão acompanhava, pulando pelas ruas, o cortejo que se seguia até a casa da representante, coroada pela comissão organizadora do evento.
Em minha juventude não era proibida a venda de lança-perfume.E tive oportunidade de ver que era usada para jogar o gás, uns nos outros, como parte da folia, assim como se jogava serpentina e confete, o que deixava a brincadeira mais animada.
Bem, depois soube que as pessoas cheiravam e ''saiam do ar'',ao inalar o frasco. Desse modo, passou a ser proibida a venda. Mas, clandestinamente entrava no país. E ainda é comercializada.
As fantasias cobriam os corpos, naturalmente e primavam pela originalidade, sem que fossem vulgares ou atentassem contra a moral e os bons costumes, ou contra o regulamentos dos clubes. 
Não se viam os corpos quase nus, como hoje ocorre. 
Esses Carnavais eram a alegria dos boêmios que ficavam nos bares, cantando, bebendo, reunindo amigos e ouvindo as marchas e canções.
O Carnaval das ruas era bem organizado e os desfiles eram feitos para toda a família. As crianças maiores saiam com seus pais e apreciavam as escolas de samba com seus passos característicos e bem marcados.
O Carnaval era uma festa popular. Mas, era possível brincar, sambar, ouvir a batucada dos sambistas e cantores.
Os costumes mudaram muito e essa transformação conduz à críticas
Hoje, há perigo nas ruas, há brigas e desavenças entre os blocos. Há uma multidão de desordeiros que aproveita para tirar o sossego das famílias. Se um jovem esbarra, sem querer, e derruba a namorada de outro jovem, isso já é motivo para toda sorte de agressões. 
O excesso de bebida alcoólica e o uso das drogas, faz de qualquer ambiente, um local inóspito para nele conviver.
As pessoas, sem filtro moral, acabam por espalhar sua revolta e má índole, por todos os cantos, com atitudes desqualificadas, que acabam por provocar temor na população que se diverte nas ruas.
Originalmente, o Carnaval é uma celebração litúrgica do cristianismo ocidental, que se comemora, antes da estação litúrgica da quaresma.
Nos tempos modernos, com a liberalidade dos costumes, precipitou-se o aumento das doenças sexualmente transmissíveis, que se multiplicam nessa época.
Hoje virou mais uma''marca'', virou um comércio, que de um lado, atrai turistas do mundo inteiro, e de outro,  roubou a pureza das marchinhas e a alegria natural e descontraída dos foliões.
Ainda é possível deixar-se levar pelo ritmo, pelas cores. E vestir-se de forma bizarra, dançar e pular acompanhando os blocos, usar máscaras para brincar e provocar risos.
Mas é possível ficar em casa e assistir aos desfiles de famosas Escolas de Samba, pela televisão. Opção essa que é a de muitas famílias, que se sentem mais protegidas em suas casas do que na rua
Entre acertos e erros, vale lembrar o trabalho insano das modistas e auxiliares na confecção de luxuosas fantasias que desfilam em carro aberto e participam de concursos.
O povo não fica sem Carnaval ,samba e futebol. E tem direito de desopilar, de se divertir com os amigos.
Ao mesmo tempo, a segurança não é a mesma, a inversão de valores tomou forma. E muitas famílias viajam para a tranquilidade da serra ou dos balneários, buscando o merecido descanso.
Saudades das Colombinas, Arlequins e do Pierrô. 
O trio nasceu nas ruas da pequena Veneza do século dezesseis. Conta a história de uma jovem que é envolvida pelo amor platônico de um homem e pelo amor apaixonado de outro.
Que belas histórias de Carnaval poderíamos contar hoje?
Onde estão os Pierrôs apaixonados que sabiam escrever lindas cartas de amor para suas Colombinas?

KATIA CHIAPPINI


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