A POESIA QUE NÃO LI !
Os avanços dos gênios da ciência e tecnologia e de mentes privilegiadas que se dedicam aos demais campos do saber, pouco contribuem na aquisição de valores cristãos. O homem descobre outros mundos mas continua a não entender o seu próprio. Os atos falhos provam que temos muito a aprender. Percebi, faz tempo, que as imposições da vida, em busca da sobrevivência, nos tornam seres alienados. Mas, sempre podemos nos arrepender e reconsiderar nossos atos. E a serenidade irá restabelecer o equilíbrio e devolver o bom senso.
Certa manhã, eu caminhava apressada, quando avistei um homem alto, magro, com gestos nervosos, balançando algumas folhas na mão. Ao chegar mais perto percebi que se tratava de um pequeno caderno que ele apresentava a cada transeunte. Apressei o passo.
Mesmo assim o homem veio em minha direção e disse :
-Senhora, leia e me dê uma força.
-Não repare, fica para outro dia.
Ao ouvir essas palavras o rosto do homem ficou triste.
Como se adivinhasse algo, voltei os olhos, consegui ler em letras grandes, o título da publicação. Lá estava escrito : - meus poemas -
Questionando a mim mesma compreendi que se eu desse atenção ao poeta veria um lindo sorriso em seus lábios e essa imagem me faria bem. O dinheiro não traz o conforto que uma palavra amiga transmite. Prometi a mim mesma não incorrer no mesmo erro. Principalmente porque amo poesias e as escrevo para um seleto público que já se acostumou a lê-las.
A poesia que não li poderia ser a mais sincera; poderia revelar a ternura da alma de um poeta; poderia transmitir ternura e ser de uma inocência pueril.
A poesia que não li não deveria se transformar num fardo para mim, cujo peso alterasse minha consciência. Mas deveria e poderia se constituir numa lição de vida, na medida que me deixasse perceber e assimilar uma singela verdade:
-Enquanto houver um ser sensível para expandir sua alma num poema, haverá um leitor incansável.
KATIA CHIAPPINI
Dedico essa crônica a todos os poetas para que assimilem seus valores, cresçam em dignidade e não se arrependam de escrever jamais. E, penso que embora nem sempre sejam compreendidos, continuem a embalar os nossos sonhos e fantasias.
Afinal, o que seria da realidade se não fossem os sonhos ?
Mil desculpas ao poeta de rua.
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