RAPUNZEL : ANOS 60.
Era uma adolescente
Eram rígidos os costumes
Eu ouvia -era obediente -
Minha filha -não fume -
Eu ficava na sacada
Observando a paisagem
Vendo aquela gurizada
E suas molecagens
Não havia permissão
Para descer na calçada
Mamãe chamava atenção:
-Nada de ficar misturada
Um menino me olhava
Entre curioso e entediado
Valha-me Deus -eu rezava -
Mas não estaria a seu lado
Um dia em meu apartamento
Jogamos dama -encantados -
Mamãe permitiu o momento
Hoje, por mim, lembrado
Chico, era esse o seu nome
Deu-me um perfume e o talco
Via em seus olhos a fome
Mas a sacada era o meu palco
Era uma simples paquera
Mas nada se podia dizer
Ficou o sonho e a quimera
E meus pais a me proteger
Eu tinha cabelos compridos
Como Rapunzel e os trançava
Tendo o sentimento contido
As tranças nunca jogava
Era a única e desejada filha
Com cuidados especiais
Sentia-me quase uma ilha
Temente a Deus e aos pais
Quando prestei vestibular
Outro moço se aproximou
Joguei as tranças, sem pensar
E nelas, breve se enroscou
Entregou-se á sedução
Em meu corpo deslizou
Foi amor e foi paixão
Rapunzel se libertou
Chico não foi meu namorado
Anos após o vi na hidro
Olhou-me surpreso e assustado:
-É Rapunzel da redoma de vidro
KATIA CHIAPPINI
A menina de tranças era eu e Chico meu vizinho de toda a infância e parte da adolescência.
ResponderExcluirLEMBRANÇAS DE MENINA !
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