Aquarela de poesias

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Poesias para você

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

FINAL DE VERÃO

                         FINAL DE VERÃO!

Final de verão na praia de Torres e nas demais.
A cidade começa a perder o seu povo .As ruas estão com pouco movimento de transeuntes. Os restaurantes estão quase vazios. As noites estão desertas. Os artistas de rua já retornam aos locais de origem. As mulheres prendadas e rendeiras já voltaram para o Nordeste. Os vendedores à beira-mar já não passam com as araras repletas de roupas e adereços. Os vendedores de rede para descanso estão retornando também. A juventude já não desfila sua alegria e descontração nas noites enluaradas. A praia começa a mostrar mais areia do que barracas e guarda-sois.
Só a mar não perde sua vida e majestade. E o sussurro das ondas continua a chamar para a próxima temporada. É o que justifica o verão.
Os penhascos já não são trilhados pelos banhistas e o morro do farol já se mostra tranquilo e em estado de descanso.
Os argentinos já deixaram os hotéis e já movimentaram o comércio local. O calçadão recebe menos ciclistas e andarilhos matinais.
A igreja recebe os habitantes da cidade. Mas o padre não precisa mais comprar tantos pirulitos e balas para distribuir,às crianças, após a missa dominical. O grupo de salva-vidas já é mais restrito.
Os bares noturnos já dispensaram a cobrança do couvert artístico.
A vizinhança já retornou porque se inicia o ano letivo. E as comadres não ficam mais nas sacadas sorvendo um bom chimarrão. Toda a visão se modifica e os moradores locais começam a ver a cidade mais calma e retornando às atividades normais. 
O silêncio toma conta da noite e alguns edifícios não têm mais luzes acesas. E a ala do condomínio já não tem o movimento das crianças brincando. E dos pais ensinando a andar de bicicleta.
Final de festa!
O horário de verão nos faz voltar à realidade porque já terminou sua vigência.
Retornamos às nossas cidades e já observamos o xingamento no trânsito, a intransigência das pessoas e a falta de tolerância que ocasiona tantos males.
A empregada volta a reclamar de seu salário.
Os governantes se aproveitam  do clima de férias para subir os preços dos bens de serviços essenciais. Retornam as passeatas para protestar quanto ao preço da passagem nos ônibus que servem à população que se desloca para o trabalho diário. Sem falar na organização de passeatas de cunho político. Pois a situação do país, como um todo, começa a soprar os ares que podem ocasionar uma possível convulsão social.
Mas a elite privilegiada continua a aumentar seus proventos, já polpudos, em contraste com os da população que realmente trabalha. E nos traz até um desgosto abrir aquela caixa de correspondência a nos esperar impiedosa, coitada.
E os brigadianos, bombeiros e professores ainda não foram valorizados em seus esforços e em seu salário,  mesmo desempenhando uma missão social e indispensável às comunidades e à Nação, antes ''mãe gentil''.
Mas se nossa saúde estiver resistindo a todas essas intempéries, ainda estamos no lucro.
A comida na mesa, o sorriso de um filho, o olhar carinhoso do companheiro (a), o sol de cada dia, o hino dos pássaros, a brisa murmurando ao ouvido das flores, a água corrente, são bênçãos do Criador. A harmonia do cosmos ainda é nossa. E a natureza teima em nos contemplar, radiante, com seu viço e formosura.
Precisamos responder ao chamado interior para resolver nossos conflitos, ora aflitos e espalhafatosos e ora contritos e silenciosos.
A providência divina nos proverá e abençoará aos homens de boa vontade.
Que possamos estar, não só entre os chamados, mas entre os escolhidos.
Que nos seja dada a oportunidade de viajar para a próxima e tão esperada temporada de verão. E a verão, com certeza.

                                    KATIA CHIAPPINI







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