Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

sábado, 22 de agosto de 2015

ABRINDO O BAÚ DE RECORDAÇÕES

           EM BUSCA DE LEMBRANÇAS

As vezes nos encontramos saudosistas e as lembranças brotam em forma de lágrimas nos olhos. Preciosos tempos de juventude, dos bailes da faculdade, da faixa de Miss filosofia, dos flertes tão sutis, das conversas no bar, durante o recreio. Saudade dos nossos bons e aplicados professores, dos passeios da Escola, de brincar de esconde-esconde com o namorado, das brigas durante a aula e das pazes, na quarta-feira, quando o namorado podia namorar na casa da moça.
Saudades dos estudos para as provas e dos lanches na madrugada. Saudades do carteado em duplas e de ouvir música sentada no tapete e perto do som. Saudade da bandeja que minha mãe fazia, com o lanche da tarde, que levava no meu quarto.
Saudades de meu pai que nos convidava para passear de carro ao chegar do trabalho. E dos lanches noturnos, com música ao vivo, em família.
Saudades dos meus estudos de piano e apresentações na Escola.
Saudades dos bailes à fantasia onde mamãe fazia questão de confeccionar meus trajes e máscaras.
Muitas recordações se descortinam no pensamento, entre elas, tantas brincadeiras de uma infância feliz.
Saudades da praia de Torres quando íamos em família, meus pais, meu mano e eu. Mas essa ainda desfruto com filhos e netos. E o mar é meu grande e especial amigo. E confidente de muitos verões.  Torres ainda é fonte de meus sonhos românticos que não cessam nem com o fato de eu ter idade avançada. Sonhos são devaneios incontroláveis!
Saudades da casa de minha avó que nos reunia nas férias escolares e gostava de fazer doces em calda para receber todos os netos.
E, ao anoitecer, o programa preferido era levar as cadeiras para a calçada e ficar conversando e mateando na frente da casa. Os vizinhos vinham chegando e traziam suas cadeiras também. A porta da casa e as janelas ficavam entreabertas e não havia a preocupação que hoje temos à respeito da segurança. O tarro de leite chegava de manhã e o leiteiro ia entrando, sem reservas, pela porta da frente. Entregava a  encomenda, recebia seu dinheiro e saía, deixando a porta só encostada.
Saudade das reuniões em família, da mesa com fartura, dos alimentos sem agrotóxicos e dos alimentos que vinham da chácara da tia Thereza. Da estância do tio Léo vinha a carne para a semana e vovó nem precisava comprar quase nada. Ela tinha galinhas e colhia os ovos todas as manhãs. Havia dois pátios grandes e algumas árvores e plantações que davam o sustento para a família.  
Saudades da companhia de meu único irmão .Gostávamos de chegar da faculdade e passear de carro na noite. Conversávamos bastante e confidenciávamos, um ao outro, nossas preocupações ou planos para o futuro, nossas expectativas ou desavenças amorosas.
Saudades dos questionários que preenchíamos entre colegas de aula e nossas amigas. Eram 50 perguntas para ler e responder. Saudades dos diários onde constavam nossos namoros de adolescência, nossa efervescência que brotava, aos poucos.
Todo esse volume de lembranças formam a nossa vida e carregamos sempre conosco. Somos feitos de presente, passado e das expectativas para o futuro. Futuro esse que nos preocupa e que nos leva a trabalhar e produzir bons resultados para que nada falte aos nossos descendentes, principalmente, o estudo. e a educação dentro dos princípios cristãos.
Hoje temos a tecnologia de ponta e tudo está ao alcance das mãos. Temos a evolução progressiva e acelerada da ciência, da medicina, dos estudos de física nuclear. Estamos em fase de transição quanto ao desenvolvimento político e social. Mudanças se fazem necessárias. Hoje nos vemos intranquilos com as injustiças e a prepotência da cúpula dominante.
Antes éramos mais felizes. Tínhamos a família reunida à mesa das refeições e nos era exigido o respeito entre pais e filhos e muita serenidade, nessa hora.
Tínhamos mais disciplina e agradecíamos aos pais a preocupação que tinham para conosco. E os professores mereciam e eram respeitados como se fossem o prolongamento de nossos lar.
Antes, empregados e patrões se tornavam amigos. 
Hoje, a ambição e a luta pelo poder põem tudo a perder. E nos obrigam a usar máscaras para dançar conforme a música. E nossos empregos parecem estar sempre por um fio. E precisamos bajular, disfarçar os verdadeiros sentimentos para evitar perseguição ou inveja.
Sinto saudade de dançar boleros, tangos, valsas. E dos salões festivos e iluminados que recebiam grandes orquestras e ornamentavam a noite. E traziam o romantismo nas canções  e baladas que se intercalavam entre mambos e rumbas. 
Hoje ninguém conhece ninguém e vivemos um clima de incertezas e lutamos contra o tempo implacável.
Então, desenrolar o carretel das lembranças de nossas existência, se torna um momento tranquilo e nos leva a recuperar algumas alegrias. Permite que possamos retomar nossa vida e nos reencontrar em meio a esse turbilhão que nos envolve e que desequilibra as energias. 
O baú das lembranças é um lenitivo que cura a melancolia.  É uma necessidade de trazer à tona os acontecimentos bons, nossas vivências, nossos sonhos. E depois de recordar o passado vamos enfrentar a realidade com um novo olhar, com firmeza e determinação multiplicadas.
Se recordar é viver, como se diz, por que não? 

                                   KATIA

          



3 comentários:

  1. Doces reminiscências! Uma verdadeira época da inocência, quando sorvíamos as coisas boas e ainda não tínhamos maiores preocupações... Gostei muito do teu texto, Katia! Bom domingo! Beijos. Beatriz

    ResponderExcluir
  2. Querida,obrigada pela especial atenção que tens me dado. Isso é próprio de uma alma sensível e bondosa.

    ResponderExcluir