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Diguinho foi uma pessoa especial. Ele era eivado de bons sentimentos. Mas foi especial também, por precisar de cuidados médicos contínuos, em razão de ter a epilepsia como um fantasma a lhe rondar os dias.
Além de nos visitarmos na cidade, tínhamos casa na mesma praia e a família dele e a nossa tinham um convívio estreitado pela amizade. E prolongado nos magníficos verões da praia de Torres, Rio Grande do Sul.
A esposa de Diguinho era muito prendada. Assim, teve a ideia de organizar um evento em sua casa e combinou que dividiria os gastos conosco. Tratava-se de uma feijoada, com os devidos acompanhamentos. E de uma sobremesa, um cafezinho e uma dose de licor caseiro que fabricava com orgulho e maestria.
Além de nós, havia mais um casal convidado, nossos amigos de Porto Alegre, que passavam uma temporada nessa praia.
Chegou a hora da feijoada e a noite transcorreu como se esperava. Tudo esteve impecável e a dona da casa, esposa de Diguinho, recebeu todos os elogios que mereceu.
Na hora da divisão dos gastos,conforme o combinado, o casal amigo não se manifestou. Ficamos nos olhando, curiosos e pensando em quem iria tocar no assunto.
Mas antes que o nosso pensamento tomasse forma, Diguinho colocou a mão cheia no bolso do homem e disse:
- Como deves ter bebido muito, amigo, e passado dos limites no consumo da feijoada, vou lembrar:
- É aqui que está o dinheiro, procure e dê para minha esposa.
E ao retirar a mão do bolso da criatura espantada, ainda mostrou umas cédulas de 100 reais e espalhou pela mesa.
O ''amigo'' disfarçou, acertou sua parte. E se desculpando por estar indisposto, tratou de sumir para o andar superior da casa dizendo:
- Foi um prazer encontrá-los, mas com a licença de todos, vou tirar um cochilo.
KATIA CHIAPPINI
DIGUINHO !
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