Aquarela de poesias

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Poesias para você

terça-feira, 27 de novembro de 2018

ESPÍRITO NATALINO

                       ESPÍRITO NATALINO

Sou do tempo, saudoso tempo, em que o Natal tinha seu sentido espalhado por todos os lares, com grupos de orações, missas festivas, visitas aos familiares e aquele convite especial para agregar todos ao redor da ceia.
Havia a cerimônia da Missa do Galo, sempre celebrada à meia noite.Só após a missa iniciava o jantar de Natal e as comemorações que incluíam a figura do Papai Noel, entrega de presentes e muita alegria. Antes da refeição havia um breve momento de oração para agradecer as graças alcançadas ao longo do ano.
Ao tocar o sino das igrejas, era chegada a hora dos abraços e o desejo de um Feliz Natal. Todos se erguiam dos seus lugares para cumprimentar os familiares com beijos e palavras de carinho.
Nas portarias dos prédios havia grupos de orações, novenas. Entoavam-se hinos natalinos que ecoavam nos corredores.
Em bairros residenciais, caravanas de moradores saíam para as ruas e paravam um pouco em cada casa para entoar um hino.
Outras pessoas se agregavam ao grupo e acompanhavam os cânticos, pelas avenidas enfeitadas com motivos natalinos.
Em nossos dias, na hora da ceia, há um momento que ainda se ouve os sinos badalando pela cidade. Mas, os glutões e insensíveis continuam abraçando os manjares e guloseimas e os abraços aos familiares ficam esquecidos.
Não há a preocupação de preservar o momento dos cumprimentos e palavras de carinho.
Algumas pessoas voltam-se para seus celulares e se desligam dos acontecimentos da ceia natalina e esquecem do momento e da razão de ser da noite especial e cristã.
Outras pessoas abrem seus presentes e lembram de agradecer.
Mas, muitas outras deixam os volumes fechados e não dão a mínima importância  a nada e acabam magoando quem escolheu com cuidado o que comprar, de acordo com a personalidade de quem iria receber.
Algumas pessoas ficam apenas para a hora do jantar e logo se mostram entediadas e voltam às casas, deixando o clima com visível quebra de energia e, consequentemente, mais pálido.
O espírito natalino está se transformando em mais um dia de consumo excessivo, o que acarreta problemas, quando as prestações feitas não terminam mais de se apresentarem nos boletos bancários de quem os acumulou, irracionalmente.
Natal deveria ser uma reunião de fé, esperança ,boa comunicação, companheirismo, amizade, gratidão.
A reunião familiar precisa conservar o espírito natalino durante todo o ano e a troca de experiências deveria detectar alguns problemas que poderíamos ajudar a solucionar, em conjunto.
Se o motivo da reunião for apenas trocar presentes e não afetividade, vamos nos eximir de auxiliar nossos pais e avós em suas necessidades. Vamos estar superficialmente presentes no evento natalino. E vamos nos distanciar dos entes queridos e de nós mesmos.
Depois, vem a constatação de que não somos bem-vindos, pois, afinal, estamos envelhecendo e necessitando, mais do que nunca, de recursos financeiros, além de compreensão e apoio.
Precisamos voltar a armar a árvore natalina com os seus enfeites luminosos.
Precisamos armar a árvore do coração com bondade, ternura, amizade e compaixão.
E nós mesmos somos a árvore da vida. Mas estamos perdendo os valores cristãos que nos foram ensinados.
Nossas raízes vão enfraquecendo e a solidão tomando conta e a ganância se projetando no desejo de fama e fortuna, as quais nos empobrecem o espírito.
E o egoísmo vai transformando o Natal em simples reunião formal e Cristo não renascerá nos lares que não mais o aceitam. 
A reflexão fica por conta de cada um .Mas, acredito que seja necessária, enquanto houver alguma lucidez para retomar de onde paramos.
Apenas, façamos nosso exame de consciência.
Apesar dos pesares, desejo que tenhamos um Feliz Natal!

KATIA CHIAPPINI

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