inspirações: UMA COMPRA COMPULSÓRIA

quarta-feira, 10 de março de 2021

UMA COMPRA COMPULSÓRIA

SITUAÇÃO CONSTRANGEDORA

UMA COMPRA COMPULSÓRIA

Em certa ocasião, uma amiga me convidou para comparecer a um chá em sua residência. Falou-me que emprestaria o apartamento para uma revendedora apresentar sua coleção de peças íntimas e femininas.
Eu imaginei que se tratasse de uma reunião informal e sem programação alguma.
Mas a referida vendedora representava uma firma americana de renome que buscava expandir suas vendas no Brasil.
Ao entrar no apartamento causou-me espanto a fartura de doces e salgados sobre a mesa da sala.
Acomodei-me do lado de uma senhora que me dirigiu a palavra e cuja simpatia era notória.
Repentinamente, sem que nada fosse anunciado, surgiu no meio da sala uma arara gigantesca, com rodinhas, e trazendo mercadorias diversas e luxuosas. Lá estavam as roupas com rendas e fitas, de cetim, de seda, de cambraia de linho, de veludo.
Compreendi que não seria possível entrar só com a presença ou simpatia, sem nada adquirir.
Depois que uma moça ficou desfilando com a arara e apresentando a coleção, recebemos uma espécie de formulário para preencher com nossos dados pessoais, ao mesmo tempo que deveríamos colocar uma cruz, no quadrinho que precedia à descrição da peça do nosso interesse. 
Ao mesmo tempo nos foi sugerida uma data para colocar na folha do cheque pré-datado.
Minha amiga e eu procuramos a peça de menor valor, uma única camisola básica, e ambas resolvemos adquiri-la, sem mais gastos.
Preenchi meu cheque e ao entregar perguntei:
-Quando receberei a peça?
Ela prontamente respondeu:
-Quando descontarmos o cheque.
Entendi que era só esperar em casa a mercadoria.
Minha amiga e eu ficamos desconfortáveis porque as mulheres compravam várias peças da arara, sem se preocupar em ver e analisar os preços.
Como compramos só uma peça ,perdemos o apetite. E nem eu, nem ela, provamos as guloseimas.
Fui embora, prematuramente .E depois eu soube que se apresentaram as modelos, contratadas pela firma, desfilando algumas peças de maior valor.
Ao chegar em casa me refiz do susto.
Cheguei em casa com fome e preparei um sanduíche simples e um café com leite. E nunca me pareceu tão gostoso porque eu estava me deliciando com a tranquilidade do lar. E essa ,antes de tudo, já alimentara minha alma.
Depois fiquei sabendo que minha amiga também saiu à francesa, logo depois de mim. 
Realmente, não é minha praia frequentar uma roda de madames consumistas falando futilidades e exibindo suas joias, de tarde, num chá comercial, onde as senhoras de nariz empinado, saíram carregadas de sacolas com seus motoristas de plantão. 