Aquarela de poesias

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Poesias para você

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A MELHOR IDADE.

                        A MELHOR IDADE
                    (resposta para Ruy Castro)

RUI CASTRO, jornalista e escritor brasileiro, é conhecido pela produção de biografias.
Escreveu, entre outras,'' O Anjo Rebelde ''sobre Nelson Gonçalves, ''Estrela Solitária'' sobre Garrincha e'' Carmem'' sobre  Carmem Miranda.
É vencedor do Prêmio Esso de Literatura, do Prêmio Nestlé, e recebeu por 4 vezes o  Prêmio Jabuti-Estudos literários-ensaios.
Seus livros têm edições em 10 países e ultrapassam continentes.
Nasceu em Caratinga (Minas Gerais ) e tem 66 anos de idade.
Algumas obras:
Morrer de Prazer-Crônicas da vida por um fio
Chega de Saudade- A história e as histórias da  Bossa Nova
O Vermelho e o Negro-Pequena Grande História do  Flamengo
Rio Bossa Nova-Roteiro Lítero Musical
Morrer de  Prazer-Crônica da vida por um fio
A Melhor Idade ( crônica )

RUI CASTRO fala da melhor idade com certas restrições e um pouco de descaso ou inconformidade.
Salienta a perda de cabelo, a baixa audição e visão, problemas de osteopenia que acarretam a osteoporose em sua evolução.
Fala do excesso de gordura, da oscilação da pressão e da perda gradativa de neurônios ocasionando o esquecimento e falhas de memória.
Mas tenho visto muitos adultos de 40 anos que já apresentam desvios na coluna, diabetes, hipertensão e depressão, o mal do século, que se não tratada a bom termo, culmina com o suicídio.
E, sei de homens que se orgulham de seus bens materiais acumulados, a qualquer custo, e que espalham seu mau gênio, pela empresa, e sua prepotência seja nesse ou naquele ambiente.
E sabemos que a inveja, a soberba, o narcisismo, geram a insatisfação e um mau humor incontroláveis. E esse comportamento pode ocasionar doenças tais quais às do idoso.

                RESPOSTA À RUY CASTRO

Caro escritor Ruy Castro, em contrapartida, a sua crônica, melhor idade nos permite levar os netos ao cinema 3D, à praça de esportes para jogar bola com os amiguinhos, nos permite fazer um lanche fantástico no melhor Shopping da cidade.
Temos tempo para rever as bases da língua inglesa para excursionar pelo mundo, para tomar chá com o grupo de terceira idade, para frequentar bailes da turma, para assistir as melhores peças da temporada de teatro, os shows de Júlio Iglesias, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento ou Gilberto Gil. 
Não temos mais obrigação de cozinhar, de pôr a mesa com hora certa, nem de passar a camisa do marido porque o pobrezinho até já faleceu. E que Deus o tenha em Sua glória.
 E. por falar em Deus, penso que Ele nos permitiu viver mais do que  o homem porque precisamos, justamente, nessa idade, desfrutar de  um pouco de liberdade e autonomia para fazer nossas escolhas sem  cobranças e interferências.
Precisamos aproveitar o momento para viver sem medo de transgredir ou transgredindo,relativamente, desde que respeitados os valores fundamentais que a nossa consciência não nos deixa esquecer.
Podemos ter um novo relacionamento, dessa vez, mais conscientes e aproveitando a experiência que a maturidade, certamente, nos traz. E não precisamos viver no mesmo espaço, mas próximos. E não precisamos nos submeter às ordens do amado. Ao contrário, quando quisermos sair usaremos o recurso do telefone, do e-mail, para marcar o compromisso. E, se não quisermos sair, não precisamos nos forçar a aceitar os desejos que não são os nossos.
Podemos fazer longas caminhadas para desfrutar a paisagem magnífica das manhãs ensolaradas.
Podemos nos exercitar na academia de musculação para manter nosso bem-estar e a qualidade de vida tão anunciada. Podemos seguir dando aulas, escrevendo crônicas e poesias, aprendendo a tocar um instrumento musical de nossa preferência. Ou pertencer a um grupo de Canto Coral. E não só ficar fazendo croché ou tricô para presentear as filhas.
Temos algumas regalias, relativas á idade, ao fazer compras, ir ao supermercado, viajar em ônibus, depositar dinheiro em nossa conta bancária. E, de quebra, nos bailes, podemos encontrar um cavalheiro gentil e bom dançarino que saiba rodopiar conosco pelos salões ao som da Valsa da Primavera de'' Strauss'. E nos transportar aos salões de Viena. Assim como podemos sonhar com príncipes e princesas.  Ainda podemos ouvir a Valsa do Minuto de Chopin ou o Bolero de Ravel. Esse último tem uma linha melódica sinuosa e envolvente que nos transporta aos romances idealizados e nem sempre havidos. E podemos nos deliciar  ouvindo música sem sofrer interrupções.
Também podemo ser agraciadas com a faixa de'' Miss Terceira Idade ''ou ''Miss Simpatia do clube que frequentamos. Aquela que não recebemos aos 20 anos, apesar do viço da juventude.
E, quem sabe, rir na hora do almoço, com a última travessura do bisneto.
Ou  contar casos de família que nossos descendentes não sabem e que guardamos na memória com carinho. Dissertar sobre a árvore genealógica pode ser um prazer incrível e um passatempo de valor estimativo.
Então, senhor escritor Ruy Castro, exímio relator de biografias de gente famosa, digo as senhor que a melhor idade, para quem conserva o bom humor e a vontade de viver é, sim, a idade de melhor proveito.
É só procurar a sabedoria para abraçar com disposição a felicidade que nos invade pelo fato de poder viver esse tempo a qualquer tempo.

KATIA CHIAPPINI
PORTO ALEGRE, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL.
E-MAIL:
katia_fachinello42@hotmail.com





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