Aquarela de poesias

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Poesias para você

terça-feira, 10 de novembro de 2015

O MUNDO DAS RUAS

                      O MUNDO DAS RUAS

Existe um outro mundo triste e desumano: o das ruas. Nos degraus de uma igreja, sob viadutos e pontes, na frente dos prédios, existem pessoas que fazem das ruas a sua morada.
Na cidade do Rio de Janeiro há 30.000 pessoas nas ruas, entre crianças e adolescentes. As meninas grávidas criam seus filhos, com o auxílio dos transeuntes, que, ao longo do dia, levam gêneros alimentícios ao local. Outras mães adolescentes e grávidas, pedem aos avós que se encarreguem de cuidar dessas crianças. Ou doam seus filhos para instituições de caridade. 
Infelizmente a fuga do lar tem uma explicação plausível. Ela é mera  consequência de lares desestruturados, onde a violência se une aos abusos sexuais, praticados por padrinhos ,padrastos,  e afins. E quando se trata do padrasto, a menina fica com medo de falar para a mãe e ainda ser acusada de ter provocado essa situação.
Mas, se falar, a mãe se recusa a dar ouvidos à filha, pois, em última análise, depende financeiramente do companheiro e se vê acuada e sem coragem de agir como deveria.
O serviço social da prefeitura procura recolher os moradores de rua.
Mas esses não aceitam se submeter ao regulamento que estabelece horário para entrar e sair, não permite o uso de drogas, exige o banho diário.
Outra providência que se faz necessária é descobrir o paradeiro das famílias e reverter essa situação. Mas nem sempre se encontra algum familiar. E,outras vezes, não querem receber de volta esse familiar desgarrado.
Quem se recusa a ir para o abrigo é porque  já está indolente, sem esperanças, sem vontade de reagir e em plena inanição. É aquele que recebe um prato de comida e pergunta:
- Por que você não me dá um cigarro?
Tudo isso dá pena porque nosso país tem uma natureza exuberante e pródiga, um terreno fértil que ''em se plantando tudo dá''como diziam os descobridores da terra.
Mas o que temos é uma quantidade de centros de favelados vivendo das drogas e matando em nome da defesa dos pontos de tráfico.
Um casal que mora nas ruas da cidade do Rio de Janeiros, está junto. E isso já ultrapassou o período de 8 anos.Os filhos do casal já em número de 7, são criados pela mãe da jovem.
Essa adolescente foi entrevistada por uma jornalista da Bélgica, pesquisadora e professora universitária. Ela perguntou porque essa jovem não fazia o aborto do sétimo filho e, em sequência ,uma ligadura de trompas. 
A adolescente olhou para a jornalista com olhar de espanto e respondeu:
- Minha mãe não me abortou e nem aos meus irmãos e eu não vou fazer isso com meu filho.
A jornalista falou ao casal de jovens:
- Nunca vou entender como vocês conseguem sorrir ,abraçados, como se estivessem no paraíso.
Mais adiante outra jovem falou para a jornalista:
- Quem vai me dar emprego com esses trapos que visto? Ou acreditar que não quero mais roubar e nem viver nas ruas?
Mas a entrevistadora se encantou, no meio desse triste quadro, com o calor humano que encontrou entre os desprotegidos das ruas. Percebeu que uns cuidam dos pertences dos outros, quando se ausentam para tentar engraxar um sapato ou cuidar dos carros em estacionamentos.Notou que dividem os alimentos e se confortam mutuamente.
E viajou de volta para a Bélgica, perplexa. Nunca imaginou que fosse encontrar tanta solidariedade em meios a tanta pobreza.

                                     KATIA CHIAPPINI
                        e-mail:katia_fachinello42@hotmail.com


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