Aquarela de poesias

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Poesias para você

sexta-feira, 11 de junho de 2021

SAUDADES DO ROMANTISMO

SAUDADES DO ROMANTISMO


 SAUDADES DO ROMANTISMO !

Sinto saudade dos velhos tempos em que se recebiam flores, um cartão entre elas e uma sugestiva declaração. E das inúmeras cartas que guardei durante todos esses anos e que ainda guardam o perfume de sândalo. Lembro dos bailes da reitoria da UFRGS, de Porto Alegre, onde as luzes permaneciam acesas e o ambiente bem arrumado com mesas e cadeiras distribuídas ao redor do salão.
Os homens ficavam bebendo seu aperitivo, no balcão do bar, dentro do salão. De lá observavam o movimento das moças e seus olhares lânguidos . Flertar era olhar em direção ao par escolhido e permanecer fixando os olhos, nele ou nela, como se fosse um convite para a primeira dança. Se a moça dançasse mais de uma música com o mesmo par e permanecesse na mesa do cavalheiro alongando a conversa, era prenúncio de namoro, uma breve esperança.
Os namorados eram atenciosos, bem vestidos, perfumados, cavalheiros. Abriam a porta do carro para a moça, ajeitavam sua cadeira no restaurante e esperavam a dama abrir a porta da casa para só então dar a partida ao veículo.
O encontro era mágico e o cavalheiro selecionava as palavras para conquistar a namorada.
Perfumes, joias, discos, livros e bombons eram mimos que a namorada recebia e que pareciam definir gestos delicados por parte do namorado.
As costureiras tinham o maior empenho ao confeccionar vestidos de festa ou lindas fantasias para o dia do baile de máscaras. Esses tinham o seu mistério e permitiam que a moça só se identificasse no final da noite, quando então se dirigia ao seu eleito.
Quartas, sábados e domingos eram os dias de namorar em casa, sob os olhares da família da moça que circulava pela sala, como se fosse ao acaso. Ou com o pretexto de oferecer um cafezinho.
O namorado não se esquivava do convívio familiar e mantinha uma conversa com os pais da namorada.
Namorar era também se interessar pelos usos e costumes, um do outro, para que se avolumasse o número de informações úteis ao relacionamento e boa convivência. Então, o companheirismo e a cumplicidade eram parte desse projeto onde os beijos e abraços eram mais um jeito de se expressar e não o único.
E quando alguma coisa não dava certo e o resultado fosse inesperado, restava o respeito mútuo e a amizade. E,principalmente, a mulher não sofria ameaças e tinha sua vida preservada em sua individualidade.
Havia a leveza nas relações, eram preservadas as atenções.
As grandes orquestras dos anos 70, 80 e 90 e seus cantores românticos nunca mais foram superadas e embalaram muitos casos de amor verdadeiro. Amar era envolver corpo e alma. Havia a preocupação de equilibrar as diferenças e priorizar os sentimentos. Notava-se o famoso brilho no olhar, a vivacidade nos gestos, um'' bom dia'' dado com especial empolgação e uma vibração na voz.
Nesse dia dos namorados fico a lembrar de tudo isso e me sinto estranha nos dias atuais. Faz tempo que não vejo um casal de namorados passeando de mãos dadas, abraçados, a passos lentos, se olhando nos olhos, ou delineando aquele sorriso que fala por si.
Mas vejo casais extrapolando tudo, no meio da rua, onde crianças transitam curiosas e perguntam a suas mães, detalhes que as deixam perplexas e sem saber como elaborar a melhor resposta que respeite as limitações da idade.
Onde estão as árvores de minha infância que abrigavam os namorados sob sua sombra ?
Até elas se deixaram abater e vergaram seus galhos e desfaleceram antes do corte da mão implacável.
Afinal, já haviam se desiludido com os novos tempos e perdido suas flores e frutos, de tanta tristeza.
Há quanto tempo você não se abriga sob a sombra de uma figueira para olhar o rosto de sua namorada ou ouvir sua voz, como fazem os pássaros suspensos nos fios de luz ?
E você ainda sabe quando aparecerá no céu a próxima lua cheia ?
Será que ainda é a lua dos namorados ?
FELIZ DIA DOS NAMORADOS !
KATIA CHIAPPINI
email: katia_fachinello42@hotmail.com
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