AMOR, AMOR!

                           AMEI!

Amei como o pescador a alvorada
Como a pomba ama a praça
Como a cigana a saia rodada
Como o padeiro ama a massa

Amei como o escultor sua obra nua
Como o cantor ama o compasso
Como o pintor que pinta na rua
Como o gaúcho ama o laço

Amei com a força do moinho
Com a esperança do formando
Como o que sorve um bom vinho
Na taberna, no bar, descansando

Com paixão, devoção, insensatez
Como o relógio descarrilhado
Com resquícios de estupidez
Com o emocional danificado

Amei como o bailarino desenvolto
Cujo ritmo é som no tablado
Como a onda ama o mar revolto
Como o violeiro o dedilhado

Amei como o devoto ama a vela
E o minerador o diamante
Como o cineasta ama a tela
Como o alpinista o mirante

Semeei tendo a colheita como incerta
E a dúvida como desalento
Quem ama deixa a porta entreaberta
Mesmo que não sopre o bom vento

Amei antes, entre e depois da crise
Fiz do amor minha constante oração
Houve tropeço, houve deslize
Fechei os ouvidos à voz da razão

As horas que vivi em segredo
Penetrando no amor sem véu
Foram preciosas como o samba enredo
Mas não mereceram nenhum troféu

Amei na bonança e na quarentena
Fiz tudo o que podia ser feito
Arrirquei a alma mas valeu a pena
Porque tive você em meu leito

KATIA
Email: k.treen2@hotmail.com