AMOR!

                UM JEITO DE NAMORAR

Nos anos 60 e mais um pouco

O namoro era irreal e tão lindo

E a gente mais feliz , menos louco

Via os namorados sorrindo

Ele comprava mimos caros

Bombons e perfumes importados

Discos de vinil: primores raros

E suaves gestos eram revelados

O flerte era o início de tudo

Os olhares eram profundos -fatais -

O ambiente era próprio e fecundo

Como o dos contos semanais

Ouvia-se a seresta da janela

E o passeio na praça com o par

E a conversa a beira-mar tão singela

Era motivo para um banho de luar

As mãos se entrelaçavam agitadas

No domingo, um filme pra assistir

O namoro tinha as horas marcadas

Aos pais cabia interferir

As saídas noturnas controladas

Eram comunicadas à família

Boas intenções eram firmadas

E os namorados não eram ilha

Na sala a porta ficava aberta

Noivo e noiva pouco a vontade

A dona da casa sempre alerta

Ao beijo roubado, ou leviandade

Mas mesmo assim era bonito

Ver o carinho e seu manancial

Não era o namoro dos aflitos

Nem só das noites de carnaval

A espera era longa, com certeza

Mas a conquista tinha sabor de aragem

A moça seria de cama e mesa

Mas depois de se mudar com bagagem

Um se dedicava ao outro, sem temor

Com companheirismo assumido

Uniam-se na alegria e mais na dor

Esperando a fusão dos corpos e gemidos

KATIA

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