Aquarela de poesias

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Poesias para você

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A SURPRESA DE KARINA

                 A SURPRESA DE KARINA

Karina é minha filha primogênita. Alta, esguia, cabelos longos e olhos castanhos, bem como, dona de um sorriso franco. Quando ela cursava a faculdade, pela manhã, em certa ocasião, pensou em trabalhar no turno da tarde. Marcou uma entrevista e foi aprovada para trabalhar numa loja de confecções, no Shopping. O horário se estendia entre 14 h e 22 horas não sendo permitido sentar, nem se ocupar com conversas paralelas durante o horário das atividades.
Karina tinha facilidade de se comunicar e fazia boas e significativas vendas, cumprindo as metas da empresa. Chegou a ser escolhida a melhor funcionária do mês com direito a uma foto afixada na parede do estabelecimento. Sabia indicar o produto adequado a cada pessoa opinando sobre a melhor cor, o modelo adequado ao peso, à altura e à idade.
Em certa ocasião, quando não havia nenhum movimento na loja, os funcionários estavam à postos, aguardando. E nessa hora avistaram o gerente da loja se dirigindo ao local, com semblante de poucos amigos. Nesse instante, as atendentes conversavam entre si, de vez em quando, naturalmente. Ao entrar na loja ele já começou a advertir as atendentes dizendo-lhes que retirassem as mercadorias das prateleiras colocando-as sobre os balcões. Disse-lhes que deveriam revirar as roupas e dobrar todas as peças, novamente, para então recolocar no lugar.
O objetivo seria o de não deixar o público perceber que ninguém entrara para ser atendido. Ao contrário, as peças desorganizadas dariam a impressão de que a loja esteve repleta de pessoas e que só naquele instante tinha sobrado um tempo para ajeitar, devidamente, as prateleiras.
E esse teatro todo era feito em várias ocasiões e as atendentes nem tinham coragem de sentar um pouco.
Mas Karina trabalhou sempre de bom humor e tratando a todos com educação e atenção.
Depois de 4 anos precisou interromper seu trabalho porque a faculdade passou a exigir a hora-laboratório no turno inverso. 
Impossibilitada de continuar, chamou o gerente, a quem relatou a situação que se criara.
Ele se dirigiu a ela e simplesmente disse:
 - Passe amanhã para acertar seu pagamento.
E com essas palavras deixou Karina sair, sem nenhum agradecimento, sem nenhuma despedida e sem reconhecimento pelo seu desempenho, sem perceber a sua assiduidade e dedicação.
No dia seguinte, quando Karina foi ao setor de pagamento, se deparou com uma moça que estava aguardando o seu horário de entrevista, agendada pelo gerente. 
Mas se despediu das colegas de trabalho com as quais conviveu muito bem durante todo o período em que juntas estiveram.
Foi para sua casa com a certeza de ter aprendido uma importante lição. Aprendeu que o ser humano pouco vale para uma empresa. O que vale é cumprir metas, aumentar o capital e multiplicar os lucros ao final de cada ano. 
E assim caminha a humanidade: fazendo questão de abdicar dos valores indispensáveis para uma convivência sadia e ainda dos princípios cristãos, como se engatasse a marcha-ré.

                                  KATIA CHIAPPINI





3 comentários:

  1. é verdade: ainda somos imperfeitos e pouco agradecidos.

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  2. Parabens Karina !

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  3. OBRIGADA, MEU FILHO E FILHAS SÃO GENTE COMO A GENTE: GENTE QUE LUTA POR UM LUGAR AO SOL E QUE CONQUISTA O QUE TEM COM O PRÓPRIO ESFORÇO.

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