Aquarela de poesias

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Poesias para você

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

PRAIA DE TORRES/ R/G/DO/SUL/ BRASIL

                   OS VERÕES EM TORRES

Minha filha começou a caminhar com 1 aninho de idade. No primeiro dia da temporada de mar, olhou para o aquela paisagem e começou, repentinamente, a andar em direção às águas.
Minha outra filha repetiu o feito dois anos mais tarde. Mas dessa vez, ela foi engatinhando e entrou na água sem demonstrar medo.
Lembro-me de um senhor que estudava seus livros de Direito, sempre pela manhã. Era juiz de carreira e sentava-se perto de uma janela que dava para a rua. Eu passava pelo local e esse  senhor começou a trocar algumas palavras comigo. Isso porque lhe falei que era estudante de Direito. Ele disse que precisava consultar as últimas súmulas dos tribunais, atualizações, precedentes em relação aos fatos e sentenças proferidas.
Depois soube que era brilhante jurista e escritor, além de ser considerada meritória a sua contribuição na área do Direito.
Pertencia à clã dos Reverbel da Silveira. de São Gabriel.
Por incrível coincidência eu tinha sido colega de sua filha Doris.
E sua outra filha, Themis, tornou-se médica conceituada e um nome em gastro-enterologia.
Uma ocasião eu estava grávida de minha segunda filha e já em estado adiantado. Estava me dirigindo ao mar e ao chegar lá, após arrumarmos a barraca, tropecei num tronco de árvore, solto na areia, levando um tombo. Nada de grave mas ao cair no chão a aliança de casamento saltou longe e a perdi. Mas tive o cuidado de avisar as pessoas das barracas próximas. No outro dia, ao chegar ao local, uma senhora veio correndo me entregar a aliança que havia afundado na areia.
Então, tenho notado que na temporada de praia as pessoas são mais tranquilas e a solidariedade se faz presente.
Estou me referindo, ao relatar esses fatos, aos verões que passo na praia de Torres.
Os encantos naturais são inúmeros e a praia da Guarita é um verdadeiro cartão postal. E o imponente farol domina a paisagem do alto de um morro.
Os vizinhos são amáveis, os pais dão mais atenção aos seus filhos, os horários não são rígidos, tudo visando facilitar a convivência.
Os motoristas até fazem sinal para o transeunte atravessar e não importa se estão ou não com muitas sacolas para carregar.
A cidade se prepara para receber o veranista, os papéis são jogados nos latões de lixo, os canteiros estão bem aparados.
Podemos ver as famílias se reunirem ao entardecer com os amigos, com quem dividem a cuia de chimarrão, acomodados nas sacadas ou nas calçadas com suas cadeiras.
Em certa ocasião uma senhora gemia de dor, mas conseguiu descer até o pátio do prédio para ser vista, pois, morava sozinha. Logo, surgiram várias pessoas se prontificando para transportá-la ao hospital, ao mesmo tempo que avisavam sua filha. Sua vida foi salva a tempo: era um quadro de infarto.
Há policiamento nas ruas e os carros da polícia circulam o tempo todo vigiando a movimentação.
As crianças aproveitam os passeios, se alimentam melhor e dormem após o prolongado banho de mar Essa é a hora que as mamães descansam na rede, abrem seus livros de contos, oferecem um cafezinho aos familiares ou aproveitam para dormir um pouco.
Não vejo as pessoas erguerem a voz na rua e tudo parece em paz.
Na praça central os bolivianos e artistas de rua, palhaços e a banda municipal, oferecem horas de entretenimento e arte.
Ao entardecer os bancos da praça pertencem às senhoras idosas que costumam frequentá-los para tomar ar fresco e conversar com as amigas A brisa do mar se faz presente e torna as noites agradáveis.
Os restaurantes oferecem iguarias, com destaque para os frutos do mar, selecionados e de fino paladar.
Os pescadores comparecem à pesca, no rio Mampituba, desde a madrugada, esperando tirar o sustento de suas famílias.
A hotelaria  se destaca em Torres e, nos últimos anos, triplicaram o número de hotéis que atendem aos turistas argentinos, antigos frequentadores da praia.
Todo o ambiente parece ter sido preparado para proporcionar conforto e bem estar.
Não há a corrida desenfreada para o trabalho e se percebe o clima de lazer e união.
Os esportes não são esquecidos e as academias se multiplicam. As caminhadas ao longo do calçadão, são feitas em qualquer horário, devido à boa iluminação.
Os namorados são tomados de desejos secretos e as emoções, antes reprimidas,  se transformam em novas juras de amor.
Reconciliações, transformações de conduta, menos pressão, mais liberdade, ampliam os bons momentos na praia.
Os profissionais liberais se divertem brincando com os filhos, limpando o jardim da casa, consertando telhas nos telhados, porque resgatam a criança interna e a simplicidade perdida nos grandes centros. 
Meu irmão é um homem boníssimo mas fechado em si mesmo.
Mas na praia consigo conversar com ele, na varanda da casa, um longo tempo. E até me convida para um carteado.
É com saudade antecipada que me vejo, agora, porque vamos para o mês de fevereiro, próximo do final de mais um veraneio.
A rotina da dona de casa reinicia, os estudantes voltam para as aulas, o trabalho segue seu ritmo normal. Mas é o trabalho a mola-mestra da sobrevivência e o responsável por nos dar a oportunidade de economizar parte dos ganhos, para poder voltar à praia no final de mais um ano letivo: o melhor e mais esperado prêmio para a família.

                                     KATIA CHIAPPINI   
    

                                        E-MAIL: katia_fachinello42@hotmail.com










































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