Aquarela de poesias

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Poesias para você

domingo, 13 de dezembro de 2015

LAZER

                                   LAZER

O lazer foi privilégio dos nobres e depois dos burgueses. Esses últimos ´promoviam caçadas, festas, bailes e intensificavam uma atividade ociosa.
Antes da Revolução Industrial, camponeses e artesãos saiam ao clarear do dia, para trabalhar, e voltavam ao cair da noite.
Nos dias sem trabalho havia´pouca chance de repouso. Havia a imposição de práticas religiosas com seus rituais obrigatórios.
Todos deveriam comparecer às festas que marcavam o fim da colheita. Essas tinham um sentido social de relevância, o que exigia o devido prestígio
Após o século XX, esse panorama se modificou, pelo advento da civilização industrial.
O ritmo de trabalho deixa de ser marcado pela natureza, pela mudança da lua, somente.
Surgem as máquinas, a introdução do relógio, a divisão de tarefas. Mas as jornadas eram longas, ao redor de 18 horas corridas.
A civilização do lazer só se definiu depois da regulamentação das horas de trabalho, em decorrência das reivindicações dos trabalhadores.
Em 1850 é restabelecido o descanso semanal, em 1919 é votada a lei das 8 horas, com a pausa para fazer as refeições.
Depois de 1930 os trabalhadores conquistam o descanso remunerado, as férias e a organização de colônia de férias .A jornada de trabalho passa a ser de 5 dias .Cria-se o tempo liberado, que necessariamente, não é o tempo livre.
Ainda há o tempo que o trabalhador perde com a locomoção, com as compras de casa, com os afazeres inerentes ao lar, com as obrigações religiosas e sociais. E há necessidade de se empenhar em fazer''bicos''para aumentar a renda da família.
Lazer é aquele tempo que cada um pode se ocupar com atividades que ele mesmo escolhe e que lhe dão prazer. O tempo pode ser distribuído entre o repouso, a diversão, a recreação com os filhos, a ida às bibliotecas ou exposições de arte.
O lazer é uma atividade voluntária que o homem busca, após se liberar das obrigações profissionais.
O lazer tem como objetivo libertar da fadiga, levar ao divertimento, ao entretenimento que vai propiciar um equilíbrio psicológico à vida.
O lazer promove a sociabilidade, o desenvolvimento de novas habilidades, o convívio com um grupo de amigos e estimula a sensibilidade e a razão.
Mas sabe-se que uma pessoa submetida a um trabalho repetitivo e massante tem o tempo livre ameaçado pela fadiga. E essa é  mais psíquica do que física. E isso resulta na incapacidade de se divertir. 
Ou pior do que isso, pode levar ao uso das drogas e das bebidas alcoólicas e a outras sensações radicais. Seria uma forma de driblar seu descontentamento e revolta, compensando-os com atividades violentas que recuperem o amortecimento dos sentidos.
Não se pode desviar para um lazer alienado e prejudicial.Temos que administrá-lo com responsabilidade, sem confundir a liberdade com a libertinagem.
Também não podemos nos deixar levar por modismos que manipulam e, subliminarmente, nos agridem.
Outra constatação que se faz é que as autoridades governamentais não se preocupam em proporcionar locais seguros para o lazer das classes mais necessitadas. Não há infra-estrutura que garanta aos mais pobres a ocupação sadia de seu tempo livre: locais para ouvir música, praças limpas para passeios, locais cercados para jogos de futebol, clubes populares. Esse fato reduz a possibilidade de buscar um lazer ativo, seguro e adequado, sem alienação.
Nos dias de hoje o homem se vê submetido a todas as formas de massificação, inclusive, pelos meios de comunicação.
O lazer ativo e diversificado leva a uma escolha crítica sendo capaz de multiplicar experiências. 
O lazer passivo não deixa o homem reorganizar a informação recebida: seu comportamento é mecânico.
Esse caráter de atividade ou passividade decorre da postura do homem na sociedade. Não é culpa do lazer em si mesmo.
O que fará a diferença será o nível cultural do indivíduo, seu senso crítico em relação às suas escolhas.
O torvelinho em que se encontra o homem ao se preocupar com produção e consumo, com tarefas e metas a cumprir, impede-o de ver com clareza a exploração que vinga ao seu redor.
Isso acaba produzindo a alienação, confundindo seus valores, tornando-o apático no campo da política ,da arte, da moral social.
Precisamos usar nosso lazer de modo sadio.
Sabemos que há uma série de escapismos na literatura e nas novelas para a televisão que fazem com que as pessoas realizem suas fantasias ,colocando-se na pele dos personagens. Isso sem falar na esperança de ganhar a Loto ou vencer a rodada do ''bingo''.
Vamos valorizar a cultura para transpor essas barreiras  e desvios de conduta que assolam o país. E para saber opinar, participar de movimentos sociais na hora certa. E com o necessário e real discernimento para que se atinja a inevitável mudança. 
Procure o seu lazer dentro dos critérios que preservem os preceitos cristãos.
Não se permita ser massa de manobra.
Valorize-se. E seja um cidadão que saiba lutar em prol da justiça e da liberdade de expressão, do direito de ir e vir.
E não abra mão de sua liberdade garantida na Constituição Federal.
Reaja para evitar se tornar um morto vivo, descartável, desagregado em seu meio social.
Viva o seu lazer com harmonia e use-o para ter o entretenimento que achar melhor: o de sua livre escolha.

                                     KATIA CHIAPPINI


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