Aquarela de poesias

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

A HISTÓRIA NÃO OFICIAL DA COLCHA DE RETALHOS

COLCHA DE RETALHOS


 A HISTÓRIA NAO OFICIAL DA COLCHA DE RETALHOS!

Para os bons e fiéis leitores!
Quando eu era recém casada, fui passar uns dias no interior de Santa Catarina, na casa de meu sogro, Seu Avelino e de minha sogra D.Carolina.
Percebi sobre a cama do casal um trabalho em tricô que me chamou de imediato, a atenção.
Tratava -se de uma colcha de retalhos , confeccionada em tricô, contendo 81 quadrados e as medidas de cada um eram de 8 cm por 8 cm.
O fundo preto exibia a profusão dos quadrados em lindas cores: amarelo,laranja, vermelho e marrom.
Comentei com meu sogro que havia apreciado muito o trabalho artesanal feito por minha sogra.
Ele, imediatamente gritou chamando;
- Mulher, vem cá.
E minha sogra veio conferir aquele chamado:
- O que foi Avelino!
Ah! queria te pedir que fizesses uma colcha igual para Kátia levar para Porto Alegre.
Minha sogra sorriu e prometeu que faria a colcha.
Mas, sei que esse trabalho pode levar de 15 dias a um mês, se feito lentamente, sem tanta pressa.
Não falei nada mais. Esperei para dar liberdade para a sogra tomar a iniciativa e me falar algo a esse respeito, quando bem entendesse.
Aconteceu que, um tempo depois, fui morar com ela, por um período de três anos, até que uma de suas irmãs viesse lhe fazer companhia.
Estávamos em Porto Alegre.
A sogra era uma pessoa de fácil convivência e interagiamos sem nenhum conflito: meu marido, três filhos e eu.
Deixei passar o tempo enquanto pensava numa estratégia para ganhar a minha colcha de retalhos.
Logo me veio a ideia de comprar dois carnês do baú da felicidade.
Aqueles que você tinha a incumbência de pagar uma quantia por mês.
Caso não recebesse prêmio algum, você poderia resgatar o valor pago em 12 meses, em mercadorias, na lojas do
baú. Essa ficava na rua Voluntários da Pátria.
Então, comprei os dois carnês : um no nome de minha sogra e outro em meu nome.
Mas me prontifiquei a pagar ambos.
Ao mostrar algumas parcelas pagas para ela eu falei:
- Minha sogra, aceito a colcha de crochê que seu Avelino lhe pediu para me presentear.
Em troca, no final do tempo previsto, se não ganharmos prêmio algum, vamos juntas resgatar os brindes na loja do baú, referentes a esses carnês que comprei.
Vou lhe dar todos eles, os do meu carnê e os do seu. E a senhora vai comigo na loja para escolher as mercadorias que quiser.
D. Carolina aceitou minha proposta.
Nos dias que se seguiram, cada vez que minha sogra sentava na cama e se acomodava para tricotar, eu me sentava ao lado dela.
Aproveitava para contar histórias de meus filhos, quando bem pequenos.
Ela se divertia com os relatos das travessuras infantis.
Depois, ao contrário, ela passou a falar dos filhos dela e de suas dificuldades no interior, onde precisava matar o porco, as galinhas, fazer pão, sabão em barra, requeijão linguiça caseira e doces em caldas, para oferecer às visitas.
Também me lembro de ouvi-la contar que meu sogro foi convocado para servir no exército, em tempo de guerra, e se ausentou de casa por dois anos.
Mas, tendo como pano de fundo tantas histórias mirabolantes, a sogra e eu vimos a colcha tomar forma, exibindo os quadros coloridos que teimavam em se multiplicar, como por encanto.
Enquanto a colcha era confeccionada com habilidade e destreza, eu me preocupava em pagar os carnês religiosamente.
Foram dias incríveis em que contamos muitas histórias antigas e de remota lembrança.
Ao vencer a quota de cada dia, fazíamos um lanche juntas e eu agradecia a dedicação de vovó Carolina.
Meus filhos gostavam dela, sempre atenciosa e cheia de surpresas.
Finalmente, a colcha estava pronta e eu havia acertado todas as prestações do carnê do baú da felicidade, do grupo Silvio Santos, um conhecido comunicador televisivo e empresário de renome.
Chegou o dia de visitar a loja do baú e escolher as mercadorias.
Minha sogra estava muito animada e feliz com suas escolhas.
Insistiu para que eu levasse algum objeto para mim. Mas, disse-lhe que nada queria.
D. Carolina e eu pedimos um táxi e logo chegamos em casa.
Ambas estávamos radiantes. Ela com o seu liquidificador, seu jogo de panelas, seu forno micro-ondas, pratos, copos, talheres e um enxoval de cama e mesa.
E eu com a colcha de retalhos, já colocada em minha cama, presença elegante e artesanal há tanto desejada.
Contínuo a tecer outra colcha com os retalhos da fé e esperança que não me abandonam.
É a colcha da vida que nos exige um comprometimento com os princípios cristãos, em que prevaleçam as atitudes solidárias de dedicação e amor ao próximo.
Kátia Chiappini
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