DUPLICIDADE

                            ELO PARTIDO

Teu pedido em vão em desatino

Que fizesse de ti o meu menino

Perdeu o sentido pois a dor causaste

E sem opção não mais ousei amar-te

Ainda assim fiel e companheira

Fui esteio da família qual palmeira

Dos filhos ocultei as desventuras

Tentando disfarçar as amarguras

Com o passar dos anos, já conscientes

Entenderam : plantaste novas sementes

E pensativo, sem perder o prumo

Tiveste que tomar outro rumo

Quem tem filhos lhes deve o sustento

E não poderias deixá-los ao relento

Deus te ajude a mantê-los ao teu lado

E a semear o amor para ser amado

Não quis briga, ódio, desavença

Deus dá a cada um uma sentença

O amor dos filhos é estímulo de vida

E traz uma certeza : não serei esquecida

Junto aos netos aprisiono bons momentos

Criei laços, tranquila, sem lamentos

Dou-te atenção e ouço complacente

Teus recados e pecados do inconsciente

Teu espírito está em mim : enraizado

Nossas almas permanecem lado a lado

Mas se queres de Deus a clemência

Vive só para amparar tua descendência

Procura não julgar nem esquecer

Que os filhos preferem amar do que temer

Sempre é tempo de refletir e transformar

E a voz da intolerância neutralizar

De que vale ser opressor e ferir

Se importa menos dominar do que sentir

Dos corações não queiras ser banido

Imprevistos afastam o ente querido

É preciso na existência a dor calar

Em prol da harmonia familia

E socorrer o ser que a dor consome

Pois na alma e não no corpo está a fome

KATIA

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