Aquarela de poesias

Aquarela de poesias
Poesias para você

domingo, 29 de abril de 2012

CONVERSE COM SEU FILHO


                 O PODER DA PALAVRA

Uma criança mimada e filha única ganhou de seu pai uma barra de chocolate. Ao levar a guloseima a sua boca mordeu o primeiro pedaço, após colocar no chão a embalagem, fez uma careta e gritou:
-Que nojo, pai!
-Como assim?
-Está muito ruim o gosto desse chocolate. E assim dizendo jogou o resto da barra no chão junto ao papel da embalagem e já ia saindo do lugar quando seu pai chamou:
-Venha Tina, tire essa sujeira do chão
-Não vou limpar
-Mas precisa, você foi quem jogou no chão.
-Mas estava ruim
-Sim, mas o lugar disso é na lata de lixo.
O pai e a filha continuaram a discutir e o pai reconheceu que não estava conseguindo lidar com a situação.
Deu uma volta pela casa e ficou imaginando o que faria. Ou colocaria a filha de castigo,em sua cadeirinha, ou não a deixaria ver seus desenhos na televisão, ou ainda, quem sabe, uma palmada poderia ser a solução.
Voltou os olhos para a filha que ainda chorava, sentada no primeiro degrau da escada:
-Chegue mais para o lado, vou sentar com você
-Você não cabe, pai, suas pernas vão ficar encolhidas.
-Mas fico pouco tempo, só o suficiente para falar com você. 
-Sente-se , então
-Obrigada, vamos conversar.
E assim dizendo o pai apertou uma das mãos da filha entre as suas e explicou que não podemos, nos momentos de contrariedade, demonstrar uma raiva desproporcional que nos faça esquecer nossos princípios e a boa educação.
Falou que antes de colocar o chocolate no chão, poderia ter guardado a barra para oferecer ao menino de rua que nem tinha alimento suficiente para ficar bem nutrido. O pai lembrou que se a barra ficasse alí jogada, poderia chamar as formigas ,que sentindo o cheiro de doce, tratariam de se dirigir ao local, rápidas.
Mostrou para a filha, na Internet, a quantidade de lixo que fica nas ruas e que os trabalhadores de rua precisam recolher com o caminhão. A menina viu os garis de uniforme, saindo em grupos, com seus carros, para juntar restos de comida, casca de frutas, papéis, cacos de vidro, tudo jogado no chão ,sem embalar em sacos apropriados. Mostrou fotos do fundo dos riachos contendo até móveis, latas, pneus e toda sorte de sucata.
Depois olhou para a filha e falou:
-Se você não fizer a sua parte, os garis vão precisar trabalhar em dobro.
-É papai?
-Sim, aprenda que quando sair para a rua não se joga nada fora dos latões de lixo.
O pai continuou explicando que enquanto ela, Tina, estivesse deitada no sofá de sua casa, ao anoitecer, nesse mesmo instante, os garis estariam trabalhando e andando pelas ruas, cansados , suados e chegando ao término do trabalho com sacrifício.
A menina Tina já estava calma e tinha parado com o choro.
Olhou para seu pai, ainda ao seu lado, sentado na escada e disse:
-Papai, nem tinha pensado no trabalhador de rua.
-Então valeu minha explicação sobre o trabalho dos garis?
O pai aguardou a resposta, mas ao olhar ao redor, nem notou que a filha já nem estava na escada. Mas viu que já estava de volta com uma vassoura e uma pá de limpeza. Resolveu limpar a sujeira que fizera
Entusiasmado o pai olhou para a filha e disse;
-Parabéns, fico feliz que tenha pensado nos garis.

-Nem é isso pai, estou pensando em você
-Em mim?
-Sim papai,muito simples
-Diga-me, filha, o que pensou?
-Amo você, papai.

KATIA
Email:k.treen2@hotmail.com

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