Aquarela de poesias

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Poesias para você

quarta-feira, 11 de junho de 2014

CELEBRANDO A VIDA!

                         CELEBRAÇÃO!

Ao olhar a lista do vestibular dos aprovados em Direito, percebi outro olhar na minha direção. Nos cumprimentamos por mais uma conquista e conversamos no bar da faculdade, enquanto um café nos era servido.
Uma carona hoje, outra amanhã e muitas mais, com o consentimento de meus pais, foram nos aproximando, passo a passo No meio do curso confirmamos o desejo de casar na igreja.
Véu e grinalda, juras de amor, lua de mel, a viagem ao Uruguai, nos uniram num relacionamento sério.
Agora, em novo papel, na ocasião, se avolumavam as fraldas, as roupinhas de bebê, os sucos, sopas, a hora do banho e todos os cuidados que uma mãe acumula.
Eu era estudante, mãe, esposa, professora alfabetizadora, aluna de inglês e relembrava meus ensinamentos de piano, num pequeno espaço de tempo que criava para esse fim.
Depois, diretora de escola e, de certa forma, responsável pelos filhos alheios, quase não tinha mais o tempo de me dedicar à caminhada matinal no parque. Quando a vice-diretora chegava bem cedo, eu ainda conseguia pedalar ou recuperar meus passos mais rápidos no exercício matinal.
Os dias foram me acompanhando, à galope, até o tempo da aposentadoria.
O casamento durou 33 anos e por circunstâncias outras, ruiu. Mas é um assunto já superado e não vou me estender a esse respeito, mesmo porque, hoje, pode durar apenas 33 horas.  
Com os filhos já criados e independentes fui recuperando minha vida e direcionando meus passos e meu interior.
Hoje escrevo poemas e os publico em coletâneas e jornais de literatura, locais. Em cada texto transbordo vida e energia e compartilho meu trabalho nas redes sociais, em meu blog pessoal e autoral.
Pesquiso melodias e providencio arranjos próprios para apresentar aos meus alunos de piano e os escrevo em partituras.
Comecei a lecionar pessoas de terceira idade. Elas vinham a mim por intermédio da Casa de Cultura de Porto Alegre.As razões eram diversificadas. Algumas pessoas tinham artrite e o movimento ao piano não deixaria atrofiar os dedos das mãos. Outras estavam se sentindo solitárias e voltavam a conviver através da atividade musical Ainda outras estavam voltando a praticar essa arte que haviam abandonado por motivo de profissão, casamento, filhos ou falta de recursos financeiros disponíveis para ornamentar sua vida. E outras indicações seriam as de obter melhores níveis de concentração, atenção, memória, sociabilidade e auto-estima.
E, quando ouço uma linda valsa soando dos pesados dedos e dos tímidos compassos, de nada mais preciso para ser feliz.
Preciso me preocupar com a saúde do corpo e mantenho as caminhadas ,musculação, hidro-ginástica e natação.
São várias possibilidades de estar inserida em grupos sociais cujas atividades afastam da solidão e do sentimento de inutilidade, tão prejudicial ao ser humano.
Minha vida pessoal é rica em atividades. Tento atender às necessidades do corpo e do espírito em meu planejamento de vida.
Leciono Português e Matemática para meus netos e estou à disposição para orientá-los nas demais disciplinas porque tenho formação superior em Pedagogia da Educação. Estimulo meus pequenos. E todos eles já estão no caminho da música e da dança.
Um novo amor não está fora de cogitação porque é um projeto audacioso em minha idade, mas não impossível.
Ainda pretendo passear de mãos dadas à beira mar, com os pés descalços na areia e a constelação de estrelas iluminando meus passos e outros passos ao meu lado.
Quem sabe, aceito um convite para velejar na costa litorânea e descanso meu corpo em outro corpo ávido de íntimas emoções.
Ou me contento em permanecer apenas um pensamento no seu  pensamento, ou ultima esperança na desesperança...
Mas o que importa é que celebro a vida em todas as suas formas e possibilidades. E a idade não me impede de prosseguir inovando.
E essa celebração está ligada a minha fé. Ela impulsiona o meu andar, tocando em frente tudo o que seja sinônimo de vida plena e produtiva.
E, se eu puder ainda celebrar o amor como celebro a vida, certamente, vou ser feliz, em outras dinâmicas de foro íntimo, se esse momento estiver escrito nas estrelas.



                                  KATIA CHIAPPINI




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