A CHÁCARA .

-Ainda não enjoaste ?
-De que ?
-De morar em chácara ?
Como poderia ?
Como poderia cansar-me do sol, do céu, do verde, das cores vivas e da riqueza da paisagem ?
Como isso seria possível se a cada manhã há sempre uma nova''vernissage'', pela dinâmica da natureza ?
No verão, a sombra densa e fresca das parreiras e o verde acinzentado das velhas figueiras contrastam com as flores que teimam em desabrochar num roseiral abandonado.
No inverno a paisagem jamais se torna depressiva porque fico a observar as árvores que perdem as folhas, para, na primavera, como num toque de mágica, adquiri-las  mais brilhantes vestindo novas roupagens.
Mas as que se desnudam tristonhas deixo longe de meus olhos.
Prefiro o verde constante e a simpatia dos laranjais, cuja folhagem é perene como a dos cinamomos nogueiras e ameixeiras
Não digo que me sinto perto de Deus, porque ainda não domino minhas imperfeições. Mas sinto que desfruto de uma grande paz morando em chácara, para onde fui por opção 
Na hora de fazer o rancho converso com as amigas que me cercam e desfruto de algumas horas na cidade que não é mais minha verdade.

Minha homenagem a uma grande dama da literatura,vice-presidente da Casa do poeta de Santana do Livramento, que ''partiu fora do combinado''
Minha Tia Thereza publicou as obras : Lembranças de Menina e Corpo e Alma, lá pelos idos de 1997.
Encontrei a crônica : Morando na chácara, que foi publicada no jornal de nome Arcádia, em setembro de 1997,de onde me inspirei para escrever a poesia Chácara, que passo a compartilhar com os leitores de olhar sereno. Os mesmos que gostariam de estar sentados à sombra da figueira, centenária e amiga, sorvendo um mate-amargo e um ''causo'' gauchesco, como eu.

                       KATIA CHIAPPINI