A dama leu sua data de nascimento
Cobriu os olhos quase com dor
Lembrou dos cabelos lindos, ao vento
Que outrora penteava, ao toucador
Era cortejada, altiva e confiante
E no andar revelava pernas perfeitas
Olhos verdes e sorriso cativante
Alvo de paixões, aguardava a colheita
Ao olhar para os seios tamanhos
Lembrou que antes rompiam o botão
E escapavam do roupão de banho
Sem precisar dos arcos de sustentação
A pele de veludo sob o corpo torneado
Já provocara suspiros aos turbilhões
Hoje não existe e só é abraçado
Pelos familiares em festivas ocasiões
A silhueta já não provoca paixões
Os olhos não procuram outros olhares
Os lábios não têm mais razões
Para se colher quais frutos nos pomares
Olha pela janela, escuta a porta se abrir
Ninguém para ocupar o travesseiro
Os dias são iguais e estão a se repetir
Não voltam mais como o amor primeiro
Não colhe mais flores, não usa perfume
Não acende a vela, não escolhe o vinho
E aquele amor a demonstrar ciúme
Virou cinzas ou está em outro ninho
Olha as fotos do álbum e se consome
Procura as jóias, os vestidos de festa
Lembra dos lençóis bordados com seu nome
Do diário esquecido, do violão, da seresta
Nas cartas de amor já amareladas
Nos presentes que um dia ganhou
Nas folhas secas no livro guardadas
Encontra um pouco do consolo que restou
Subitamente esquece os desenganos
Olha-se no espelho e se ilumina
O sorriso não é mais o de trinta anos
Mas descobre-se bela e feminina
KATIA CHIAPPINI
AS DAMAS ! SERENAS E INIGUALÁVEIS.
ResponderExcluirrevelações de uma dama,em sua plena maturidade
ResponderExcluirMinha homenagem às damas de minha vida
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