Como não me encantei com o andor ?
Como não segui a procissão ?
Como me afastei do meu Senhor
Como esqueci da devoção ?
Como minha alma se modificou
Como nem a serenata eu quis ?
Como meu coração se enclausurou ?
Como nada por mim fiz ?
Como fui deixar a solidão
Tomar tal forma e importância ?
Se até desprezei meu alazão ?
Um dos amores de infância ?
Como meus amigos afastei
E só as sombras procurei ?
Como em meu quarto me tranquei
E nem mais sei o que sei ?
Como nada quero nem planejo
Como fui me negar a viver ?
Como fico longe de teu beijo
Sem sequer me arrepender ?
Como me tornei figurante
Desse grande palco da vida ?
Como ignorei o amante
Sem me despedir na partida ?
Como adquirir nova esperança
Como achar o rumo das soluções ?
Se estou cambaleando nas andanças
Sem amarrar nem meus cordões ?
Como confiar novamente
Num suposto recomeçar ?
Como cuidar da semente
Sabendo que não vai germinar ?
Como acreditar no ser insano
Que tantos disfarces assimilou ?
Sem ver que o consumo desumano
Em queda livre o ser desfigurou ?
Como não afundar na lama
Se esse é o único código vigente ?
Invocando Deus ou Dalai Lama ?
Para mais do que crente, voltar a ser gente ?
KATIA CHIAPPINI
O SER HUMANO NUNCA DEIXA SUAS INDAGAÇÕES E LEVA UMA VIDA TENTANDO SE SITUAR NO ESPAÇO PARA MARCAR SEU TERRITÓRIO DE ABRANGÊNCIA E SEU MODO DE FAZER MELHOR O QUE VEIO FAZER AQUI NA EXISTÊNCIA.
ResponderExcluir