Aquarela de poesias

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Poesias para você

sábado, 28 de outubro de 2023

PENSAR ANTES DE FALAR

              PENSAR ANTES DE FALAR

Desde crianças aprendemos a aplicar a mentira social para agradar nosso eleitorado.

Ao receber um presente dizemos para a pessoa que ela não precisava se preocupar, quando na verdade, um presente sempre é bem-vindo.

Mais tarde, já adultas, encontramos uma amiga de infância e dizemos:

- Como você está linda!

Mas, na verdade, ela está debilitada, sem viço, triste.

Percebemos que não podemos deixar de ir trocando máscaras, ou seja, dançamos conforme a música.

Por outro lado, algumas exigências que nos são impostas, acabam por tolher nossa liberdade. Estamos sempre'' pisando em ovos''.

E isso, porque em certas ocasiões ficamos em dúvida entre falar a verdade ou disfarçar. Cada momento tem suas peculiaridades. Há pessoas inseguras, ou desconfiada, que se melindram com poucas palavras.

Outras se preocupam tanto com a opinião alheia que preferem viver como se fossem fantasmas de si mesmas.

Uma colega de magistério me falou que encontrou com uma colega da mesma escola e foi ao seu encontro, efusiva, dando-lhe um forte abraço e seu melhor sorriso.

Mas, com surpresa, ouviu da colega, essas palavras:

- O que te aconteceu que ficaste gorda, velha e feia?

Certamente essa não é e nunca será a melhor maneira de reencontrar uma colega e amiga.

Mas, a colega que sofreu esse desconforto pensou, pensou e teve uma reação imediata. Começou, excepcionalmente, a analisar o que ouviu. Como estava com o peso acima da tabela, resolveu buscar uma clínica de emagrecimento.

Quanto ao fato de estar velha, todos chegaremos lá. Mas, não custava investir num tratamento facial, por exemplo.

E quanto ao fato de estar feia, ninguém o é totalmente.  Temos nossa beleza interna que se revela e transborda em forma de simpatia, empatia, voluntariado.

A beleza exterior engana. De que adianta ter um rosto bonito e um corpo perfeito se a pessoa for arrogante e intratável?

O tempo não para. Um dia temos 20 anos, outro dia 30 anos e as décadas vão se sobrepondo inexoráveis.

Mas, o importante é que nossa palavra seja mediadora, incentivadora, estimuladora e amiga.

Saber se expressar, além de ser um dom, é consequência da boa educação no lar, do cultivo de bons sentimentos. 

A palavra não precisa ser tão afiada como a faca do churrasco. Ela deve ser pensada antes de tudo. 

Não somos julgadores para condenar ao invés de perdoar.

Quando a amizade é sincera, podemos falar o que a pessoa precisa ouvir para que possa redirecionar sua vida, tomar consciência da realidade que a cerca e buscar rumos promissores.

Estou lembrando de que fizemos um passeio, com a escola, em minha juventude, ao Jardim Botânico de minha cidade. Convidei uma amiga para nos balançarmos num cipó que descobri um pouco afastado.

Recuperamos aquela liberdade perdida na infância, onde os compromissos são menores.

Os pássaros cantavam ao nosso redor, as garças apareciam no lago e nadavam majestosas. Os macacos pulavam de galho em galho nas árvores frondosas.

Mas, nos perdemos da turma, tal o entusiasmo que nos acometeu.

Fomos advertidas na volta da escola, porque a turma ficou nos esperando para embarcar no ônibus e as professoras perceberam que estávamos perdidas.

Combinamos, minha amiga e eu, de não contar sobre a brincadeira no cipó, porque poderíamos ter caído  e nos machucado.

Dei graças a Deus que não fomos descobertas e percebi que a palavra não dita, às vezes é a adequada.

Foi outra mentirinha social necessária no momento.

Aprendi que a palavra vale prata, mas que o silêncio vale ouro.

KATIA CHIAPPINI

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