A MULHER DE 70!

                          MULHER DE 70!

 Roberto Carlos compôs canções para sua mãe, Lady Laura, para mulheres de trinta, para mulheres pequenas, para suas amadas, especialmente, para Miriam Rios e Maria Rita.
Mas, se não falou, falo eu sobre a mulher de 70 preciosos anos. Particularmente, acredito na mulher de 70, ainda investidora de ações, dona de alguns dólares guardados, consultora de beleza, fã de viagens ao exterior, útil e produtiva.
São lúcidas vovós que reparam com carinho seus netos e com eles voltam aos tempos de uma vida cheia de preocupações com seus próprios filhos.
Investem numa dieta equilibrada, em exercícios físicos, no lazer. Gostam de estar em família, onde é seu esteio.
Conheço senhoras dessa faixa etária que praticam hidro-ginástica, caminhadas com orientação e se dedicam a frequentar academias de musculação.
Conheço outras senhoras de 70 que frequentam salões de dança à luz do dia e , não raro, a vida lhes dá um companheiro de presente.
Conheço outras ainda que já esquecem os fatos mais recentes de seu dia. É a memória curta que passa distante das pessoas mais maduras.
Não lembram do que comeram na última refeição, nem do lugar dos óculos deixados fora do local habitual, nem de onde colocaram a chave da casa ou a agenda.
Mas a idade é privilegiada e preferencial. Não há a espera em longas filas e bancos lhe são reservados nas conduções.
Todas essas damas querem viver com grupos de amigos que frequentem eventos sociais e culturais.
Esperam um convite para passar um dia no sítio, na praia ou na casa de uma pessoa amiga. 
Esperam que filhos e netos não as esqueçam largadas em sua cadeiras preguiçosas.
Uma senhora de setenta anos torna-se frágil, sensível, embora pareça forte e dona de si.
Precisa conversar com os familiares, se comunicar com todas as pessoas que a cercam e sentir o carinho e as atenções que merece.
Se a mulher de 70 encontrar um homem gentil, atencioso, não vulgar, se o encontrar, vai se transformar numa dama contagiante, com energia redobrada, com as células despertando para o amor.
Mas não a magoem, não façam isso.
Aos 70 anos, um amor pode ser uma bênção especial, aquela que faltava em sua vida, a mais esperada e desejada.
Toda hora é hora de amar, sem discriminação de idade, raça ou religião.
O amor maduro é o mais intenso em sua plenitude: inesperado.
As pessoas são mais carentes e se entregam às emoções com tudo, com menos racionalidade e mais verdade. E um enorme sentimento de paixão.
As mulheres de 70 anos não merecem reprimendas, austeridade ou rigidez. Elas precisam ser tratadas como plumas delicadas, cristais valiosos ou flores raras.
Elas merecem ,isso sim, um olhar mais humano, bem como ficar longe da discórdia.
Que as famílias possam compreender as mulheres de 70 anos! Elas merecem cuidar de si, viver sua vida com certa liberdade e não compactuar com a censura que anula e destrói.
Essas mulheres de 70 anos não são mais aquelas mulheres de Atenas, preocupadas com suas melenas.  Nem Pitonisas intocáveis e sacerdotisas da Grécia, do oráculo de Delphos, dedicado a Apolo. E nem Amélias que eram as mulheres de verdade porque submissas ao homem.
Hoje ocupam altos cargos em todas as esferas e se debatem por manter um lugar ao sol, a pouco conquistado, como profissionais competentes.
As mulheres de hoje sustentam a família e não raro acolhem de volta os filhos que se separaram e os netinhos também.
Elas têm estabilidade financeira  de modo que podem tomar decisões importantes, mesmo a de querer a separação de seus companheiros. 
A mulher de 70 anos é mãe, avó, conselheira ,amiga, humana.
Mas, mesmo independente, é digna de amor e sua delicadeza ainda se faz sentir.
Deixem que tenham um último e revelador amor na idade de 70 anos. Pode ser o mais apaixonado e dar continuidade a um afeto sincero,pelo resto de suas vidas.
Aos 70 anos, a mulher ainda pode declamar Vinicius de Morais, tocar um instrumento musical, atuar num coral ou pertencer a um grupo de dança. Pode ser uma professora universitária. E ainda, uma tradutora e intérprete conceituada.
Porque não poderia, então, interpretar seus próprios sentimentos e ter a certeza de que está amando?
Estou terminando o texto mas iniciando minha defesa às mulheres de 70 anos que valem mais do que duas de 35, sim senhor.
Porque aos 70 anos se tenta ser mais feliz.

                                     KATIA CHIAPPINI
                       E-mail: katia_fachinello42@hotmail.com