Aquarela de poesias

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Poesias para você

sexta-feira, 6 de março de 2015

DIA DA MULHER: 8 DE MARÇO

              DIA DA MULHER: 8 DE MARÇO

Apesar de mais de 100 países terem legislado sobre os direitos iguais entre os sexos, em 1995, na Conferência Mundial sobre a mulher, sabemos que o desrespeito e a privação de liberdade, foram mantidos nas normas discriminatórias.
Na Índia, a partir dos 15 anos de idade, a mulher pode ser violada dentro do casamento.
Na Nigéria, sob o pretexto de estar ''corrigindo''a mulher,o marido pratica atos bárbaros contra ela e a lei o protege.
No Líbano o raptor da mulher fica sem cumprir pena alguma se resolver se casar com ela .Mas quem vai acreditar que a mulher se casou por livre vontade?
Na Arábia Saudita não é permitido, à mulher, tirar sua carteira de motorista.
Na República Democrática do Congo, a mulher não pode assinar um contrato, nem escolher um emprego ou ter um negócio, sem que o marido a autorize. O mesmo ocorre na Guiné, Iémen e Sudão.
Na Turquia e Emirados Árabes Unidos, as mulheres só recebem metade da herança em relação aos irmãos do sexo masculino.
No Egito as mulheres adúlteras podem ser assassinadas se forem apanhadas em flagrante. Mas os demais crimes de homicídio são punidos com 20 anos de trabalhos forçados.
Na Síria é lícito matar a mulher que trai o seu marido, nas mesmas condições.
Em Israel, se as mulheres se decidirem pelo divórcio, passam a ter menos direitos na divisão dos bens. Deve prevalecer a vontade do marido e essa foi a decisão do Supremo Tribunal Rabínico que é de 1995.
                                        É dia de festejar
                                        Ou de entristecer?
                                        Mulher, rainha do lar
                                        Ou objeto de prazer?

Desculpem o meu jeito. Mas por tudo que esclarecemos acima, como a mulher pode ter orgulho em festejar o seu dia?
Até tentamos um pálido sorriso pelas homenagens que nos são prestadas no convívio social e pelos estabelecimentos comerciais.
Hoje, ao chegar no clube para continuar minhas aulas de hidro-ginástica, fui surpreendida pelos comentários das demais damas, no vestiário.
Algumas mulheres me disseram que haviam sido sorteadas para receber, como brinde, uma massagem facial, uma hidratação capilar, uma dieta orientada, uma limpeza de pele, uma aula gratuita de alongamento ou um final de semana num S.P.A. E suas fisionomias pareciam alegres ao me confidenciar isso tudo.
Mas será que esqueceram da violência doméstica? E do crime passional que sacrifica até os filhos do casal?
Pobre mulher desse país,'' mãe gentil.''
Pobre dona de casa com dupla ou tripla jornada.
Pobre mulher que realiza a mesma função do homem, no mesmo emprego e tem a remuneração menor.
É claro que dentro de um contexto histórico já obtivemos alguns direitos. Pelo menos não somos queimadas vivas, como na inquisição, como bruxas de plantão.
E não somos mais privadas da cultura e do saber. Sabemos que em tempos idos a cultura formal era privilégio do clero e da nobreza. Depois alcançou o homem. Mas a mulher não. Essa permanecia em casa. 
As mulheres mais evoluídas se vestiam de homens para exercer seus dons literários e apareciam, em suas publicações, com pseudônimo masculino. 
E as mulheres, dedicadas, que trabalhavam junto aos maridos em descobertas científicas sabiam que a fama e a autoria lhes seriam negadas.
Aos poucos ,com passo de tartaruga, as mulheres estão sendo beneficiadas com algumas leis reformuladas.
Hoje a legislação ampliou o tempo de licença-gestante para 120 dias. Quando tive meus filhos a licença era de 90 dias. As empregadas domésticas ampliaram seus benefícios para se equipararem aos direitos dos demais trabalhadores. Agora é possível registrar uma criança com o nome de duas mães. As leis estão considerando os relacionamentos de casais do mesmo sexo, inclusive com direito aos bens da herança.
Mas a mulher merece muito mais do que ganhar uma hidratação capilar em um sorteio, pelo seu dia. Merece ser sorteada todos os dias, para ser respeitada como pessoa e cidadã, que paga seus impostos e que trabalha para completar a renda da família.
As mulheres ainda são vendidas como escravas sexuais. Ou são trocadas por um rancho mensal. E temos os horrores da pedofilia e dos incestos que atingem as mulheres e que, inúmeras vezes, se dispersam sem consequências, sem punição.  E sem falar das vezes em que os homens mantém as mulheres em cárcere privado para subjugá-las aos seus prazeres doentios. E nunca se viu tantos casos de gravidez prematura. E de aborto feito em clínicas do submundo, cuja falta de higiene resulta em morte.
Todos os poemas dedicados às mulheres estão de luto. E todas as flores dos jardins de suas vidas estão murchando. E todas as canções estão emudecendo. E todos os pássaros estão se afastando das árvores que os abrigavam para não ver mulheres tristes e solitárias nos bancos das praças.  E o céu está perdendo as suas estrelas cadentes, em queda livre, vindo até a terra para acolher os desejos das mulheres, ao vislumbrá-las. E os lares estão de luto porque os filhos viciados em drogas pesadas ceifam a vida dos pais.
E o país, antes gigante, absoluto,  pela própria natureza, está perdendo seu viço, sua extensão territorial e seus minérios e demais riquezas.
 E, nesse quadro patético, só a mulher continua a dar a luz e a brilhar na escuridão, porque essa sublime missão é dela.  Ela ainda tem a determinação e a esperança de gerar filhos que cresçam num país mais justo e cumpridor de suas leis.
Sinto estar desiludida quanto ao tratamento dispensado às mulheres e que esse dia 8 de março só faz rememorar. Sinto que seja motivo de preocupação quando deveria ser de alegria.
Desculpem minhas considerações .Mas não poderia me eximir dessa tarefa, sendo uma mulher consciente e inserida em sociedade.
Não seria melhor esquecer isso tudo e comemorar? Afinal, nem para cumprir uma formalidade ?
Mas é difícil acreditar em promessas feitas em relação à efetiva  valorização da mulher.
Os festejos do dia 8 de março são ilusões passageiras e a realidade, com seus problemas diários, é pesada carga para a mulher.
E ainda há quem acredite em direitos iguais para homens e mulheres?
Definitivamente, em sã consciência, acredito que não, nunca, jamais.
                                         Então, mulher sem andor
                                         Não findou a insensatez
                                         Larga a espada e colhe a flor
                                         Quando te derem voz e vez
                         

                                              KATIA CHIAPPINI

                                              POST-SCRIPTUM:

                                 

Não poderia deixar de parabenizar uma mulher cientista, orgulho dos gaúchos, premiada na O.N.U.
Ela se notabilizou por suas pesquisas sobre o buraco negro.
Trata-se de Thaisa Storchi Bergmann que foi agraciada com o prêmio L'Oreal-Unesco para mulheres cientistas em destaque.
A cientista possui formação em física e pós-doutourado no Exterior, tendo frequentado a Universidade Maryland e o Instituto do Telescópio Espacial, como parte de sua formação.
É professora chefe do departamento de Astronomia e do Grupo de Pesquisa em Astrofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.
Sua área de pesquisa é a astrofísica extra galáctica com foco na alimentação de feedback de buracos negros.
E fica em evidência sua postura de mulher simples. Nem os estudos e pesquisas científicas desenvolvidas no Exterior  puderam evitar sua volta ao trabalho que desenvolve na UFRGS, aqui na capital do Rio Grande do Sul,cidade de Porto Alegre.

Parabéns Thaísa Storchi Bergmann !





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