VOLUNTARIADO

                        VOLUNTARIADO

Acordei pensando nessa palavra cujo sentido me encanta. Num mundo cruel onde tudo parece despencar, todos os esforços em prol do bem comum, me deparo ''matutando'' em torno do sentido dessa palavra.
Veio à mente a casa geriátrica em que mamãe ficou, apenas no final da vida, mas que a acolheu com carinho, bem como nossa presença diária: a do meu irmão junto a mim. Nesse local, uma vez por semana, um tecladista se empenhava em tirar um simples sorriso de algumas senhoras, ainda em condições de entender o que ocorria.
 A música tem e tinha um efeito prodigioso sobre as emoções e, quem sabe, trazia lembranças antigas e preciosas para algumas das idosas.
O tecladista não cobrava nada e era um senhor idoso, também.
Pelo menos duas de minhas colegas de magistério, após aposentadas, se dedicaram a visitar asilos e orfanatos para desenvolver voluntariado. E elas têm dia e horário já estabelecido pela instituição e não deixam de comparecer. Ambas me confessaram que não há o que pague a satisfação de prestar esse atendimento. Ao contrário, elas se beneficiam com a gratidão e a energia que encontram a cada visita feita. Os velhinhos já as esperam com ansiedade e correm para receber um abraço e um beijo. E todos querem falar ao mesmo tempo. E ao se despedirem, ao final do turno, ficam pedindo, com os olhos, com a expressão facial, a cada uma das voluntárias, e usando, principalmente a palavra:   
-Fica um pouco mais, por favor!
Outras pessoas que trabalham em Centro Espírita andam pelas ruas distribuindo uma refeição diária nos 365 dias do ano.
Mas quero destacar o trabalho das telefonistas que pertencem ao Centro de Valorização da Vida que trabalham por 4 horas consecutivas no atendimento ao ser desesperado e que busca esse atendimento.
O trabalho voluntário se propõe a auxiliar a sociedade sem conotação política e sem retribuição financeira.
O Centro de Valorização da vida tem 68 postos no Brasil. Foi criado no ano de 1970 e recebe ligações por 24 horas consecutivas.
Quem quiser saber mais dados sobre essa obra fantástica ,pode se matricular nas escolas do S.E.N.A.C que faz essa preparação. Para servir ao semelhante em estado de desespero é preciso equilíbrio, paciência para ouvir, senso de oportunidade, um pensamento lúcido e coerente. A pessoa não pode sofrer discriminação de nenhuma ordem. A preparação tem em vista verificar elementos psicológicos e elementos de praticidade, para atingir os objetivos desejados.
Além de um curso rápido a ser feito é necessário um período de estágio e reuniões mensais, onde se apresentam os resultados obtidos, se desfazem as dúvidas e se propõem novos e eficientes  procedimentos.
O voluntário não faz perguntas de identificação não faz cadastro e nem prontuário dos casos.
A ideia é estar preparado para ouvir os dramas de cada um. Aconselhar, falar com carinho e respeito, sem se envolver emocionalmente, é o que se espera conseguir do voluntário. 
Mesmo que a pessoa invente histórias mirabolantes não se diz desacreditar nelas. Acontece que o desespero faz fantasiar porque tira da realidade dos fatos. Mas se percebe que, depois de um tempo ao telefone, a confiança no voluntário faz relatar tudo novamente com mais verdade e racionalidade.
O fato do anonimato e de não ser vista torna a pessoa mais confiante. Ela começa a criar coragem e a falar com o coração. Porque quer ser ouvida e precisa dessas palavras amigas e esperançosas para sair dessa crise em que se encontra.
E sabemos que ninguém tem mais tempo para ouvir o seu semelhante. E quando o voluntário mostra que quer ouvir e que está disposto a não interromper o relato da dor, então, tudo flui com naturalidade. E não se deve criticar quem expõe seu problema e antes, sugerir procedimentos e iniciativas a tomar.
Uma das tarefas mais significativas e essenciais é evitar que a pessoa se mate com arma de fogo ou excesso de remédios, ou se atire de um precipício ,ou tente se enforcar no próprio quarto da casa onde mora, entre ouros tipos de procedimentos.
O voluntário é essencialmente um instrumento de apoio e preparado para ouvir, bem mais do que falar.
Ser um voluntário por inteiro é ser cidadão por inteiro: dedicado e sempre disposto a propor soluções e atitudes que levem outro anônimo cidadão a se reconciliar com seu interior conturbado .E se um dia você tiver esse tempo e a vontade de contribuir para tornar outras pessoas mais felizes, não vejo atitude mais digna e humanitária a ser tomada.
Entre em contato por telefone ou e-mail e conseguirá mais informações.
Ainda pretendo prestar esse serviço à comunidade a qual pertenço, em minha cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil.
Eu poderia declamar poemas, incentivar que fizessem o mesmo, organizar um grupo de canto coral e acompanhá-los ao toque do piano. Através da arte estaria dando meu recado e enriquecendo o espírito coletivo e promovendo outra forma de socialização, tão benéfica quanto inebriante.

                                     KATIA CHIAPPINI

  Por coincidência estive escrevendo pela manhã sobre esse tema e pela tarde fiquei sabendo que a tia de minha professora de hidro-ginástica tinha tentado suicídio, o que ocasionou sua ausência na academia.Ela se achava em depressão, morava sozinha e tinha 80 anos de idade.
Então , quero lembrar que a AMA ( AMIGOS ANÔNIMOS ) é uma organização de voluntariado que presta serviço gratuito e sigiloso. É um serviço de prevenção ao suicídio. Tem 43 anos de serviços prestados à coletividade. O trabalho é feito por telefone.
Mas falo da cidade de Porto Alegre, capital do Estado do Rio Grande do Sul /Brasil.
Informem-se em seu país como entrar em contato com esse serviço de utilidade pública de tanta importância no sentido de ser humanitário e salvar vidas em desespero.
E divulguem o voluntariado como bons e conscientes cidadãos solidários.

KATIA CHIAPPINI
OBRIGADA!