Apesar da idade sou uma pessoa saudável e praticante de esportes, desde jovem, bem como preocupada em observar alguns princípios para obter uma alimentação balanceada e nutritiva.
Então surpreendeu-me o fato do meu filho pedir que eu não andasse mais de bicicleta para evitar quedas com consequências graves.
Concordei com o filho porque percebi que não poderia discordar sem evitar uma polêmica a respeito do assunto.
Ocorre que desde os meus 60 anos de idade troquei o pedal por minhas próprias pernas em longas caminhadas diárias. Mesmo concordando com o meu filho fiquei surpresa. E tive dificuldade para aceitar que está na hora de eu mesma me impor algumas limitações. É como se meu espírito não acompanhasse o meu raciocínio e estivesse a me dizer:
- Vá em frente.
O fato de me sentir ágil, bem disposta, e tendo compromissos a cumprir, faz com que eu ocupe todo o meu tempo. E me torna responsável por desempenhar certas atividades às quais estou ligada.
Uma semana após esse fato minha filha convidou-me para fazer um passeio até a hípica, onde meus netinhos se encantam de ver os cavalos bem tratados e aceitando cenoura da mão deles.
Fomos ver Claudinha saltar, montando um cavalo de raça, de pelo brilhante e muito bem cuidado. Ela já tem vários troféu ganhos em competições de hipismo.
Veio em minha lembrança a estância de São Miguel do Sarandi, de meus tios, Léo e bebê, em Santana do Livramento, zona de fronteira. Lembrei dos passeios à cavalo, ao entardecer, onde a paisagem dos campos é inigualável. E eu nunca soube onde terminavam os campos de meu tio Léo, tal a extensão de terra que ocupavam.
Fiquei absorta nesses pensamentos até que percebi que Claudinha estava caminhando em nossa direção enquanto perguntava:
- Quem quer montar e dar uma volta?
Minha filha e meus netos ficaram pensativos e se olharam, por instantes, sem responder nada.
E eu falei:
- Claudinha eu gostaria muito de dar uma volta.
E minha filha, bem rápida, me fuzilou com o olhar e disse:
- Mas mãe, tu não tens nada que montar.
Novamente, sob pressão, tive que concordar com ela:
- Sem problema, filha, pode ser arriscado mesmo.
A filha, já aliviada, ficou argumentando e explicando que o cavalo é sensível e sensitivo. E a qualquer gesto que não entenda pode correr em disparada e jogar longe a pessoa que está montando. E se notar que quem monta tem medo, pode empacar ou voltar para casa e não obedecer ao comando. E uma queda de cavalo vai provocar algum traumatismo, leve ou de certa gravidade.
Esses dois acontecimentos me fizeram lembrar de que se deve olhar para o chão, na rua. E cuidar os carros em saídas de garagem e atravessar na sinaleira e sem correr.
E não adianta pensar que o fato de saber montar desde pequena possa evitar quedas na maturidade, como é o meu caso.
Aquela imagem de uma jovem amazona, a correr pelos campos com os primos e tios, já ficou no passado e deixou boas recordações de uma infância feliz.
Tenho minhas amizades pertencentes aos grupos de poesia e de música aos quais me dedico. Posso frequentar saraus, teatros, shows que se apresentam em minha cidade.
E tenho a turma de magistério, colegas aposentadas como eu, que se reúnem em eventos sociais.
Então, aos 72 anos de idade, sem necessidade de tomar nenhuma medicação, não vale à pena me arriscar em esportes que apresentem algum risco sério de quedas.
Sou grata a Deus pela minha mobilidade e independência.
E se me cuidar vou ter a convivência de minha família por mais tempo.
Então, é com pesar que abdico dos pedais da bicicleta e dos passeios à cavalo.
Mas ainda me acompanham a natação, a hidro-ginástica, a musculação e as caminhadas diárias.
E, afinal, só tenho que agradecer a preocupação dos meus filhos para comigo.
Eles e meus netos são o sustentáculo de meus dias e o melhor apoio que eu poderia ter nas horas de dificuldade.
KATIA CHIAPPINI
PEDALAR E ANDAR À CAVALO SÃO ESPORTES QUE VOU DEIXAR PARA TRÁS,EM DEFINITIVO!
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