Aquarela de poesias

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Poesias para você

sábado, 19 de novembro de 2016

COMO SER LIVRE?

                        COMO SER LIVRE?

 Na atual conjuntura nos parece difícil expressar a liberdade. 
Somos seres monitorados pela tecnologia e cada vez mais invadidos em nossa privacidade.
A qualquer momento podemos sofrer escárnio, palavras ofensivas. Há espíritos menos evoluídos que se divertem em nos ofender nas redes sociais, gratuitamente. E quando isso acontece, ficamos acuados até que os fatos verdadeiros venham à tona.
Ser livre não é viver levando chibatadas na dignidade.
Ser livre não é ser prisioneiro do próprio civismo, uma vez que tentam comprar nosso voto com ofertas escusas e que contrariam nossa dignidade. Essa que é construída, dia a dia, com um trabalho exaustivo do qual tiramos o sustento, de cabeça erguida.
E como poderemos suportar o fato de perder um filho com uma bala perdida? Ou como confortar um pai que viu seu filho morrer por ter sido confundido com um assaltante? 
Será que precisamos sair às ruas com disfarces para nos deixarem viver?
À medida que a criminalidade aumenta, em proporção inversa e desoladora, diminui a aplicação da lei constitucional.
Nunca se viu tanta complacência com os''fora da lei'' e tantas advertências, processos e inquéritos injustos, aplicados aos homens de bem.
E o sol da liberdade não está brilhando no céu da pátria, nesse instante. E nem o penhor da igualdade está sendo cumprida, como é apregoada no Hino Nacional.
Nossos minérios estão sendo legados aos povos estrangeiros. E a evasão de riquezas nos empobrece.
Nossas matas estão devastadas, com grandes espaços vazios porque delas retiraram nossas árvores para comercializar a madeira.
Nossos animais estão sendo abatidos na caça proibida e a extinção de algumas espécies é um fato incontestável e notório.
Os índios estão vendo a invasão de sua terras se perpetuar e pouco podem fazer contra os grandes monopólios.
O povo brasileiro é um lutador. Muitas vezes cumpre horas extras sem que seja remunerado pelo acréscimo de seu tempo.
E o intermediário ganha muito mais do que aquele que produz com seu suor e trabalho, quase escravo.
Nas escolas o professor luta contra as agressões dos malfeitores de roupas descoladas, de famílias ditas de posses.Triste realidade!
E a posse dos valores cristãos? Se perderam no seio dos lares?
Na política a corrupção tomou forma e se espalha como bola de neve. E não vai parar tão cedo, pois a impunidade faz com que se drible a aplicação das leis e se encontre, nas entrelinhas, os famosos ''furos'', onde advogados chamados de ''raposas velhas'' deles se beneficiem.
Desvincular-se do consciente é acatar a hipocrisia e fazer'' vistas grossas'' para  as ações criminosas que proliferam.
Os policiais são mal pagos e, em dado momento, se corrompem e aceitam propina para completar o salário de fome.
O efetivo que está nas ruas não preenche as necessidades e a segurança está a ver navios, sem previsão de uma política efetiva e séria.
E, não raro, os policiais que estão no cumprimento de seu dever, morrem, em defesa do restabelecimento da ordem e no combate ao crime organizado.
O orçamento anual pouca verba destina para a educação, saúde e segurança.
E a mãe que vai buscar o seu filho na escola não está livre de encontrar a morte, injustamente, porque a criminalidade está nas ruas.
Pagamos nosso plano de saúde para nos deparar com a negativa de ressarcimento, na hora que mais precisamos. E as desculpas são desonestas e sem propósito.
E, em consequência, vemos nosso familiar sem atendimento, desconsiderado e lutando contra o tempo para encontrar a solução.
A crise se instala nos hospitais porque as condições físicas do mesmo já não comportam o número de pessoas que o procuram.
E, mesmo tendo direito ao quarto privativo, ficamos com frio e fome nos corredores do hospital, até que um leito nos seja oferecido, num quarto onde três pessoas se lamentam, gemem de dor e onde a televisão permanece ligada, por 24 horas, nos impossibilitando o descanso a que fazemos jus.
Será essa a liberdade que buscamos? Como podemos ser livre sob tais condições e circunstâncias?
Estamos vagando sem conforto e sem que nossa voz seja ouvida.
Ser livre não é precisar calar para evitar ser o próximo a ser eliminado como ''queima de arquivo''.
Nossa identidade não é mais nossa. Somos vítimas do sistema que controla , aprisiona e pune injustamente.
Nossa liberdade está comprometida porque nos condicionam a usar máscaras para sobreviver.
E quando nos omitimos é para preservar nossa família, da vingança que pode vir à passos largos, na próxima esquina.
Como ser livres, se estão exterminando nossas raízes, nossa esperança e o poder de crer nas mudanças de rumo?
E os infiltrados nas greves e passeatas, esses fazem questão de sair queimando lojas e estabelecimentos comerciais, o que só faz descaracterizar e minar os verdadeiros objetivos dos sindicatos que possuem credibilidade e regras para se manifestar sem violência.
A liberdade deve ter voado a céu aberto e não mais nos privilegia porque se desvirtuou e sucumbiu aos nossos anseios.
Somos seres cansados de esperar pela justiça, meros transeuntes que passam, uns pelos outros, pendendo a cabeça, para não ver tanta dor espalhada pelas ruas! 
Ninguém será livre enquanto de si descrente e ausente.
Talvez ainda seja livre para respirar o ar poluído. Ou para constatar a inversão de valores que nos leva aos tempos medievais.
A verdade é que o poder da riqueza leva à orgia, aos vícios de toda ordem. E a corrupção alcança até e principalmente os três poderes constituídos  e responsáveis por zelar pela paz do território nacional e do povo que nele habita. 
E, quanto ao acesso à educação, talvez seja negada a tantos brasileiros desgarrados, porque a iluminação traz o poder de contestação, de crítica e de uma liderança natural que não interessa ao poder dominante.  Ao contrário, percebemos que não há mais lideranças de peso e nem que possam ser chamadas de confiáveis.
Será que ainda pensamos ser livres, no sentido real da palavra? 
Ou é com pesar que estamos vendo nosso conceito de liberdade ser duramente vilipendiado?

KATIA CHIAPPINI 


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