Aquarela de poesias

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Poesias para você

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

MENINAS DO INTERNATO: MINICONTO

                   MENINAS DO INTERNATO
                               (miniconto )
Precisávamos ser amigas além de colegas. Éramos internas e só podíamos sair nos finais de semana, para ficar com nossos pais e irmãos .As atividades eram feitas em turno integral, com poucos intervalos para ficar no recreio, para lanchar, ou participar de jogos.
A disciplina era rígida. Não era permitido falar na fila, nem na sala de aula, sem permissão. Quando a regente de classe ia chegando, e a cada troca de professora, levantávamos em sinal de respeito. Esperávamos até que ela mandasse sentar.
A escola era feminina. Os meninos podiam nos visitar junto com nossos pais, se fossem familiares próximos.
Certa ocasião eu conversava com minha colega de classe ,sentada ao meu lado.  A professora, que era uma irmã da congregação e que morava na escola, chamou minha atenção e como era muito exigente disse-me:
- Minha filha, se continuar a falar e se eu tiver que interromper a aula, novamente,  vou mandar chamar seu pai para comunicar essa sua distração em classe.
Não retruquei e segui em silêncio.
No dia seguinte, ela me confessou que já mandara chamar meu pai para fazer uma advertência, já que não era justo eu prejudicar o andamento das atividades escolares.
Mal tinha acabado de falar quando uma irmã entrou e me chamou para ter com ela.
Conversei com a irmã e ao voltar para a aula, a freira, a mesma que me havia mandado silenciar, não se conteve e perguntou:
- Então ,seu pai estava na escola com a direção?
- Sim, estava e já se retirou, após falar comigo e com a direção..
A irmã retrucou:
Viu no que dá ficar atrapalhando a aula? Diga-nos o que seu pai fez?
- Ele apenas agradeceu a gentileza da irmã secretária, depois que essa lhe falou:
- Obrigada por manter a mensalidade sempre em dia ,senhor Antônio!
 A freira ficou encabulada e não me dirigiu mais a palavra naquele dia. E minhas colegas disfarçaram o riso que teimava em aparecer em suas faces.
Doces lembranças e doce interlúdio, numa época, não tão doce, em que era comum deixar as filhas num internato para que essas se tornassem moças prendadas e candidatas a um bom casamento. 
A educação esmerada seria o salvo conduto para uma união, no civil e no religioso, bem sucedida e feliz.

KATIA CHIAPPINI

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